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Bernardo Guimarães previu o Viagra em poema pornô do século XIX

Conhecido por romances como A Escrava Isaura, o escritor romântico também cultivava uma poesia licenciosa que sempre circulou clandestinamente

Por Maicon Tenfen 9 jan 2018, 08h19

Não é de admirar que nove entre dez estudantes do Ensino Médio considerem chato o estudo da Literatura Brasileira. Por causa da falta de espaço, mas também por questões políticas, ideológicas e falsamente morais, os escritores são apresentados de forma incompleta nos livros didáticos.

Datas de nascimento e morte intercaladas por breve histórico biográfico, características genéricas da obra (como se um livro fosse necessariamente igual a outro pelo simples fato de pertencerem ao mesmo autor), estudo de um fragmento de texto previamente selecionado e… só!

Talvez o caso mais emblemático seja o do escritor mineiro Bernardo Guimarães (1825-1884), lembrado por romances como A Escrava Isaura. Quase ninguém é informado de que, pândego irrefreável, Bernardo se tornou o maior poeta popular de sua época, o que é dizer muito na língua de Bocage e Gregório de Matos.

Lendárias ficaram as suas “composições clandestinas”, a tal ponto que, na virada do século XIX para o XX — dizem — não havia ninguém em Minas que não soubesse de cor O Elixir do Pajé, paródia rítmica do consagrado I-Juca Pirama que espertamente prenunciava um “feitiço” como o Viagra.

Certamente seria péssima a ideia de colocar O Elixir num livro didático, ainda mais hoje, com o avanço desse puritanismo oportunista que ainda tem muitos estragos a fazer. No entanto, como não estamos na escola, que nos seja permitida, até mesmo como curiosidade, uma palavra sobre a composição.

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O Elixir nada mais é que o longo apelo de um homem dirigido ao seu membro sexual. O eu-lírico, ou seja, a voz do poema, reclama da pasmaceira em que vive o seu camarada lá de baixo, caído e abatido, renunciando aos prodigiosos combates do amor.

Depois das queixas que se estendem por versos e mais versos de desbragada licenciosidade, o homem lembra ao membro que não é tempo de “esmorecer, pois que teu mal ainda pode alívio ter”. Enfim cita o elixir do título, uma poção milagrosa que lhe chegou às mãos de forma enigmática.

É quando o monólogo faz uma pausa para conhecermos a história de um pajé de Goiás que, também sofrendo de impotência, apresenta-se ao demônio para pedir conselhos. Graças a isso, recebe inspiração para compor um preparado de ervas que mudaria a sua disposição por completo.

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Por fim, revigorado e feliz, o eu-lírico retoma o monólogo para comunicar ao seu membro que numa só gota do elixir se encerram quinze dias de euforia. Vida nova às orgias! Basta de penúria, basta de tristeza, era chegada a hora de entoar hinos a um novo reino de libertinagem.

Eu não citaria o texto da composição nesta página familiar, mas isso não é problema porque o Google fica logo ali.

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