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Amamos a Bélgica, mas só por causa dos SMURFS

Para os teóricos da conspiração, a Vila dos Smurfs seria o protótipo de uma sociedade socialista bem sucedida

Por Maicon Tenfen Atualizado em 5 jul 2018, 06h55 - Publicado em 5 jul 2018, 06h52

Ao lado do Japão e dos Estados Unidos, a Bélgica é um dos maiores berços de histórias em quadrinhos do planeta. Era lá que vivia Pierre Culliford, o Peyo, artista que criou Os Smurfs, gnomos azuizinhos que se tornaram famosos através do cinema e da TV. Bem, todo mundo conhece os Smurfs. O que muita gente não conhece, talvez, são as Teorias da Conspiração que envolvem os personagens.

Uma delas afirma que a Vila dos Smurfs seria o protótipo de uma sociedade socialista bem sucedida. Com efeito, ali não há propriedade privada, e os gnomos, não obstante suas características particulares, são absolutamente iguais uns aos outros. Admirado por sua idade e sabedoria, Papai Smurf seria uma espécie de Stalin bonzinho a guiar o seu rebanho. Gênio, o chato sabe-tudo que usa óculos, seria a caricatura de Trostsky, o opositor de Stalin expulso da URSS (não por acaso, Gênio é o tempo todo “ejetado” da Vila). Na aldeia dos Smurfs não há igrejas porque os azuizinhos, ateus como manda a cartilha do bom comunista, preferem acreditar nas forças da natureza a consumir o ópio do povo. O vilão Gargamel, por fim, cujo objetivo é capturar os Smurfs para transformá-los em OURO, representa o sistema financeiro ocidental.

Há outra teoria que vai ainda mais longe na caracterização subliminar dos personagens. Em vez de comunistas, os Smurfs representariam uma comunidade de… nazistas!? A informação é controversa, mas parece que Peyo, na juventude, teria simpatizado com Hitler. Gargamel, nesse caso, nada mais seria do que o estereótipo do judeu difundido pela propaganda do Reich: sovina, malvado, sujo e narigudo. Como os membros da Klu Klux Klan, os Smurfs adoram dançar ao redor de uma fogueira. E os longos cabelos loiros de uma das únicas fêmeas do grupo, a Smurffete, seriam a concretização de um símbolo eugênico arianista…. Bem, é melhor parar por aqui. Tudo isso é muito engenhoso, pena que não passe de bobagem difundida por alegres usuários de LSD.

A verdadeira teoria que se encontra por trás dos Smurfs segue agora: eles não são os heróis da história, mas os vilões. Aliás, nem isso são, já que simplesmente não existem. O verdadeiro herói é um sujeito meio depressivo que responde pela ridícula alcunha de Gargamel. Para combater a solidão, o coitado vive tomando chá de cogumelos e sofre terríveis crises de alucinações durante as quais imagina um monte de gnomos petulantes que o levam à loucura. Os Smurfs, por isso, é uma obra da alta cultura. Trata-se da primeira série infantil com fluxo da consciência e monólogo interior. O correto, portanto, ao acompanhar os personagens, é torcer pelo Gargamel, e não pelos gnomos pés-no-saco.

Ao contrário de nós, que só temos o futebol, a Bélgica é tão rica e criativa — não só nos quadrinhos — que não tem a menor necessidade de vencer o jogo amanhã.

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