Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

O Leitor

Por Maicon Tenfen Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Lendo o mundo pelo mundo da leitura. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

A Fogueira das Vaidades: o livro que Moro não leu

Depois de resistir ao circo que se armou ao seu redor, Sérgio Moro dá mostras de que começa a ceder ao calor falacioso dos holofotes

Por Maicon Tenfen 30 ago 2017, 09h43

“Vaidade de vaidades, tudo é vaidade!”

Está no Eclesiastes, aquele livro do Antigo Testamento que de vez em quando é citado por juízes e professores de Direito. Por que adoram citar a Bíblia? E por que o tema da vaidade? Deve existir alguma chave irônica nesse amor da magistratura pelo versículo. Vai ver é uma crítica interna. Ou um puxão de orelha nos juízes federais que dia a dia cedem ao calor falacioso dos holofotes.

Não dá para cometer aqui o pecado da generalização, mas às vezes assusta a insistência com que os homens da lei aparecem onde não devem para desempenhar papéis que não lhes cabem. Exemplo menor: Marcelo Bretas segurando faixa – com erro de português – entre os globais no Rio de Janeiro. Exemplo gigantesco: Sérgio Moro desfilando em diversos eventos sociais, incluindo a avant première de um filme em que é um dos heróis da história.

A Fogueira das Vaidades, do americano Tom Wolfe, é um romance que conta a história de várias figuras típicas da Big Apple na década de 80, entre os quais Sherman McCoy, corretor da bolsa de valores, e Peter Fallow, um jornalista bêbado que acaba de atingir a fama. Mas é nas páginas dedicadas ao carismático juiz Leonard White que o livro encontra o seu verdadeiro esplendor. O personagem faz algo que pode parecer estranho ao judiciário brasileiro: fala pelos autos. E tão-somente pelos autos.

Não devemos confundir o verdadeiro Leonard White, personagem do livro, com o juiz interpretado por Morgan Freeman na adaptação de 1990. Ainda que dirigido por Brian de Palma, o filme ficou aquém do romance. Freeman encerra o filme com um discurso cheio de frases edificantes que nada têm a ver com as ações do personagem original. Indiferente às câmeras e à espetacularização que se monta ao seu redor, o juiz Leonard White se limita a bater o martelo para encerrar o caso que movimenta a história.

Continua após a publicidade

Pois é o que se espera de uma personalidade como Sérgio Moro, que durante muito tempo conseguiu se preservar com o estoicismo de um Leonard White. De uns meses pra cá, porém, o excesso de exposição pública e certas declarações à imprensa acabaram por fragilizar a imagem necessária ao cumprimento das suas funções. Preserve-se, Moro. O Brasil já teve heróis carnavalizados demais. Precisamos apenas que a justiça seja feita.

Como diz o mesmo Eclesiastes que trata da vaidade, “todos os rios vão para o mar, e contudo o mar não se enche jamais”.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.