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Voadora no pescoço ameaça senador flagrado com dinheiro na cueca

Anúncio do fim da corrupção no governo durou uma semana

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 15 out 2020, 08h10 - Publicado em 15 out 2020, 08h00

Há uma semana, o presidente Jair Bolsonaro disse que a Operação Lava Jato perdeu a razão de ser porque em seu governo não há casos de corrupção. À entrada do Palácio da Alvorada, ontem à noite, cercado de devotos, Bolsonaro disse que se alguém andar fora da linha em sua gestão, “levará uma voadora no pescoço”.

Aguarda-se a qualquer momento uma nova fala do presidente depois que a Polícia Federal apreendeu dinheiro vivo dentro da cueca do vice-líder do governo no Senado, Chico Rodrigues (DEM-RR), parte dele entre as nádegas. Há vídeo que confirma a descoberta. Se revelado, fará sucesso nas redes sociais.

Os policiais cumpriram ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso para investigar desvios milionários em recursos de combate à pandemia destinados por meio de emendas parlamentares à Secretaria de Saúde de Roraima. Rodrigues deu azar de guardar em casa 30 mil reais.

O Brasil tem 81 senadores. Rodrigues não é apenas mais um deles. O que o distingue não é sequer a função de vice-líder do governo. É sua relação estreita com Bolsonaro desde o tempo em que os dois faziam parte do chamado baixo clero da Câmara – deputados sem nenhuma importância por mais barulho que fizessem.

Em vídeo antigo que voltou a circular, os dois trocam rasgados elogios e promessas de amizade eterna, e Bolsonaro diz lá pelas tantas que seu apego por Rodrigues equivale “a uma união estável”. Como chefe de gabinete do senador, Carlos Bolsonaro, o Zero Dois, empregou seu primo mais querido, Léo Índio.

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De modo que colegas de Rodrigues esperam só para ver se ele levará uma voadora no pescoço, castigo que Bolsonaro ameaça aplicar em quem andar fora da linha em sua gestão. É claro que o presidente não fará isso com ele. Se não fez com ministro investigado por corrupção por que faria com um amigo tão caro?

O anúncio do fim da Lava Jato porque não há mais corrupção no governo durou uma semana. É razoável supor que o castigo na voadora no pescoço jamais será consumado. Bolsonaro não pode responder por atos de um ministro, de um senador, dos seus filhos e de suas ex-mulheres enrolados com a justiça.

Deixem o homem governar. Ele tem mais o que fazer do que responder por que Queiroz e sua mulher depositaram 89 mil reais na conta de Michelle, a primeira-dama do país.

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