O carnaval do protesto havia vencido nas ruas, pelo que se viu nos últimas três dias ou mais. Venceu agora no desfile das escolas de samba do Rio, com a vitória da Beija-Flor e da Paraíso do Tuiuti, as duas primeiras colocadas.
Foi uma apuração de arrepiar, com cinco ou seis escolas se revezando na frente nos últimos quesitos. Mas o resultado foi justo. Beija-Flor e Tuiuti foram as duas escolas que mais empolgaram o público no Sambódromo.
Coincidência ou não, foram elas que melhor souberam levar para a avenida o sentimento de indignação dos brasileiros com tudo o que acontece no país desde à reeleição da presidente Dilma Rousseff e a ascensão do presidente Michel Temer.
O carnaval do protesto não poupou ninguém – dos políticos até a mais alta instância da Justiça, celebrada em marchinhas de deboche que tiveram como alvo preferencial o ministro Gilmar Mendes, o do prende e solta.
Numa simplificação grosseira, mas que pode lá ter seu cabimento, nem venceu a direita (Beija-Flor), nem a esquerda (Tuiuti). Ambas perderam. Porque ambas patrocinaram a construção de um sistema político que apodreceu e que deu nisso tudo que está aí à espera de ser removido.