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O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Uma utopia para Luana

Diário de Avô – Uma celebração à vida

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 30 jul 2020, 18h59 - Publicado em 23 abr 2020, 13h00

12.5.2008

– O socialismo é a salvação do mundo – disse Rebeca em meados de 1988 a André e a Gustavo reunidos com ela em torno da mesa da sala de jantar da casa onde morávamos no Lago Norte, em Brasília.

André tinha nove anos. Gustavo, sete. Sofia fora dispensada de participar da reunião porque ainda não completara quatro anos.

Havíamos chegado de Cuba. Eu conhecera Cuba um ano antes ao acompanhar o ministro Abreu Sodré, das Relações Exteriores, na viagem que marcara o reatamento das relações diplomáticas entre os dois países. José Sarney era o presidente da República. Eu trabalhava no Jornal do Brasil e Rebeca na TV Globo.

Sodré voltou encantado com Fidel Castro, a quem só tratou como “Comandante”.

Rebeca voltaria mais encantada ainda – com Fidel a quem vira de perto em Santiago de Cuba, e com o regime montado por ele.

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Em um rasgo de generosidade, ela até se oferecera a um membro do Comitê Central do PC cubano para dar um cursinho intensivo às camaradas interessadas em aprender como arrumar uma mesa de banquete.

– Vocês sabiam que em Cuba todas as crianças têm direito à escola? – perguntou Rebeca.

André e Gustavo responderam que não.

– Andei muito por Havana e não vi uma única criança descalça – continuou Rebeca.

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André pareceu interessado no que a mãe dizia. Gustavo, menos.

– As pessoas por lá não são ricas, pelo contrário. Mas não há mendigos, não há miseráveis como aqui – declamou Rebeca.

Foi justo nesse momento que Gustavo decidiu interrogá-la.

– As crianças cubanas ganham presentes no Natal?

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– É claro que ganham – retrucou Rebeca sem muita segurança.

– E fora do Natal?

– Não sei. Penso que não.

– E você acha que isso é a salvação do mundo? – devolveu Gustavo. Em seguida, ele abandonou a mesa e foi jogar bola no quintal.

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Perguntei, ontem, à Rebeca com qual utopia embalará Luana depois que ela crescer e se der conta do mundo em que vive.

– Você viu o desfile militar da semana passada em Moscou? – devolveu-me Rebeca.

– Peraí… Você não está pensando que o comunismo…

– Nunca fui comunista, você sabe. Mas tenho horror a essa história de pensamento único.

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– Eu também.

– E se Barack Obama se eleger presidente? Será o primeiro presidente negro dos Estados Unidos – divagou Rebeca.

– Sim, e daí?

– Deixe Luana comigo. Sempre haverá alguma coisa melhor para se acreditar.

– Um novo PT, por exemplo? – provoquei.

Ela me deu as costas e foi cuidar da neta. Que por sinal está cada dia mais linda.

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