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O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Um tributo à humanidade

Bolsonaro contra o conhecimento

Por Gaudêncio Torquato
Atualizado em 30 jul 2020, 19h45 - Publicado em 5 Maio 2019, 10h00

A história se repete. Bolsonaro quer descentralizar investimentos em cursos de filosofia e sociologia e argumenta que o desenvolvimento do país carece de carreiras técnicas. Em 1970, o ditador Médici tentou a mesma coisa para acabar com o “ensino verbalístico, propedêutico e academizante”. Pregava uma formação técnico-profissional capaz de preparar o jovem para o mercado de trabalho.

O Brasil vivia o “milagre econômico”. Pretendia-se reduzir a demanda por vagas na universidade e eliminar o debate ideológico. A ideia volta agora para tentar limpar a Universidade do “marxismo cultural”, contrapondo sua visão ideológica à “doutrinação de esquerda”.

O governo escolhe Ciências Humanas, em especial filosofia e sociologia, aos quais atribui insignificância. Para Bolsonaro e seu núcleo, o Brasil precisa de engenheiros, médicos, profissionais de ciências exatas e biomédicas. Pensadores, que se tornam debatedores, contestadores, pessoas de senso crítico, nem pensar. Fogo neles. São nichos que bolsonaristas e seu guru Olavo de Carvalho identificam como socialistas e comunistas.

Ontem como hoje, governos com traços militaristas estão profundamente contrariados com o questionamento de vertentes da Universidade pública. (A propósito, não são os militares da estrutura governamental que defendem a “limpeza”. Esses, reformados, sinalizam interesses centrados no desenvolvimento).

A pregação parece uma toada de refrãos, pois os cursos de filosofia e sociologia representam menos de 2% do total de alunos de graduação das federais: 25.904 de um total de 1.283.431 alunos. Na pós-graduação, essa percentagem é de 2,5% do total de programas de mestrado e doutorado. Somente 1,4% dos gastos da CNPQ são direcionados às ciências sociais.

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Dito isto, cheguemos ao cerne da questão, o de querer jogar fora do baralho uma leitura crítica da realidade brasileira. Claro, essa leitura pode ser feita por outras áreas do conhecimento. Mas é na filosofia e na sociologia que os cidadãos encontram os fundamentos para explicar a própria história da Humanidade.

Vejam o termo aqui expresso: Humanidade. O conjunto dos que habitam o planeta, a evolução de sua caminhada, os ciclos da história, as diferenças sócioculturais das gentes etc.

Atirar contra filosofia e sociologia é querer excluir da aprendizagem clássicos do pensamento como Sócrates, Platão, Aristóteles, Tales de Mileto, Pitágoras, Xenófanes, Heráclito, Diógenes, Demócrito, Arquimedes, Ptolomeu, Sêneca, Cícero, Tomás de Aquino, para citar alguns entre os mais antigos; ou ainda  Erasmo, Maquiavel, Bacon, Newton, Galileu Galilei, Thomas Hobbes, Pascal, Spinoza, John Locke, Montesquieu, Voltaire, Rousseau, Kant,  Schopenhauer, Comte, Stuart Mill, Marx, Bertrand Russel, Marcuse, Heideger, Sartre, Bobbio, Camus, Foucault, Harbermas, Baudilllard, Castoriadis, entre tantos. Sem deixar de lado esses três: Marx, Durkheim e Max Weber. (Quem se habilita a inserir na lista Olavo de Carvalho?)

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Queimar o pensamento dessas figuras é apequenar a História do Homem. Inseri-los na mesa de estudos é prestar um tributo à Humanidade.

Gaudêncio Torquato é jornalista, professor titular da USP e consultor político 

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