
E no 99º dia desde que subiu pela primeira vez a rampa do Palácio do Planalto, o capitão da reserva Jair Messias Bolsonaro recebeu em seu gabinete a visita dos deputados Paulinho da Força (SP), presidente do Solidariedade, e Augusto Coutinho, líder do partido na Câmara. Em pauta, a reforma da Previdência Social.
“Bom dia, presidente, onde devo me sentar?” – perguntou Paulinho à chegada. “Desde que não seja em meu colo, pode sentar onde quiser”, respondeu Bolsonaro com o sorriso largo de sempre. Foi o que bastou para ditar o ritmo descontraído da conversa, testemunhada pelo ministro Onyx Lorenzoni, chefe da Casa Civil.
Bolsonaro alternou momentos de bom humor com outros de sonolência, segundo Coutinho. E sempre que os dois deputados faziam críticas ao projeto da reforma despachado pelo governo ao Congresso, Bolsonaro se apressava em concordar com eles. “É, vamos dar um jeito nisso”. Ou: “Isso dá para mexer, sim”.
Concordou, por exemplo, que daria para tirar do projeto a parte que trata da reforma da Previdência de Estados e municípios. Assim como outros pontos já criticados pelos políticos. A certa altura do encontro, Bolsonaro fez um desabafo que causou forte impacto nos dois deputados:
– Sabe, Paulinho, eu já poderia estar aposentado, em casa, tomando uma caipirinha… Mas estou aqui nesta porra…
E sorriu, para variar.
Um afiado observador da política brasileira, que recentemente esteve com Bolsonaro no Palácio do Planalto, saiu de lá com a impressão que nem mesmo João Batista de Oliveira Figueiredo, o último general-presidente da ditadura militar de 64, pareceu mais agastado com as funções do cargo do que o capitão.