Sabe a quem cabe a culpa de a reforma da Previdência Social não ter sido votada e aprovada pelo Congresso no ano passado? Ao grupo JBS, dos empresários Joesley e Wesley Batista.
Mais especificamente, a Joesley, presidente do grupo, que gravou o presidente Michel Temer em encontro clandestino no Palácio do Jaburu, em Brasília, dizendo a célebre frase “tem que manter isso, viu?”.
A frase seguiu-se à revelação feita por Joesley a Temer de que pagava em dinheiro pelo silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, preso em Curitiba. Se ele delatasse… Deus do céu!
Segundo documento a ser divulgado amanhã, o governo dirá que a oportunidade de aprovar a reforma se perdeu “pelo oportunismo de iniciativas no campo judicial que desviaram a atenção do sistema político.”
Dito de outra maneira: a culpa foi de Joesley, autor da gravação. Mas também da Procuradoria Geral da República que depois denunciou duas vezes Temer por crime de corrupção passiva.
Ora, ora, ora. A culpa foi de Temer. Por ter dito o que disse. Por ter ouvido a confissão de um bandido e não tê-lo mandado prender. Por ter recebido um bandido investigado no porão do Jaburu. Pelo conjunto da obra, pois.
A reforma da Previdência emperrou porque Temer, desgastado e enfraquecido, não conseguiu votos para aprová-la. Àquela altura sua popularidade despencara. As pessoas queriam vê-lo pelas costas.
Por mais que queira reescrever a História, é isso o que ela registrará no futuro.