“Anotem para me cobrar depois: o ex-ministro Joaquim Barbosa tem tudo para ser o Jânio Quadros do século XXI”. (Post publicado no twitter deste blog no último dia 21 de abril, às 19h31m).
Quando candidato a presidente da República, em 1960, Jânio Quadros renunciou. Mais tarde renunciou à renúncia e se elegeu com larga margem de votos. Uma vez empossado, renunciou seis meses depois.
Há mais diferenças do que semelhanças entre Jânio e Joaquim. Jânio escalou todos os degraus da política até chegar à presidência, de vereador para cima. Joaquim debutou na política como candidato a presidente.
Jânio fez da renúncia uma arma para afirmar sua vontade. Sempre que se via sob pressão falava em renunciar, vencia e ia em frente. Renunciou à presidência para voltar mais forte nos braços do povo. Deu errado.
Não parece que Joaquim renunciou para ficar candidato. Tudo indica que a renúncia é para valer. Temia dar-se bem – consolidar-se como candidato e não poder mais recuar. Temia se expor a críticas, e expor sua família.
Por se conhecer bem, sabia das dificuldades que enfrentaria caso se elegesse. Como Jânio, Joaquim despreza os políticos profissionais – e o Congresso está repleto deles. Como governar sem seu consentimento?
A saída de Joaquim deixa “o novo” de fora da sucessão do presidente Michel Temer. Por mais que os eleitores desejem votar em um nome que represente “o novo na política” não haverá espaço para ele.
De volta ao futuro – e o futuro é o velho das caras já testadas, das manobras e dos vícios conhecidos. É por isso que todas celebram a decisão de Joaquim. Todas ganharão alguma coisa com ela.