Namorados: Assine Digital Completo por 5,99
Imagem Blog

Noblat

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Réquiem (por José Paulo Cavalcanti Filho)

Repouso das almas

Por José Paulo Cavalcanti Filho
Atualizado em 18 nov 2020, 19h57 - Publicado em 18 set 2020, 12h00

Esse título vem do latim requiem (descanso), assim é conhecida a Missa pro Defunctis (para o repouso das almas). Provavelmente mais famoso e belo Réquiem será o de Mozart, inacabado quando morreu (em 5/12/1791). Estranho, nele, é que seu libretto seja premonitório. No movimento Dies Irae, está “Quanto temor haverá então/ Quando o juiz vier/ Para julgar com rigor todas as coisas!”. No Recordare, “Choro e gemo como um réu/ A culpa enrubesce meu semblante”. Curioso, também, por ser tão atuais suas palavras. Basta ver Tuba Mirum, “Logo que o juiz se sente/ Tudo o que está oculto, aparecerá/ Nada ficará impune/ A que patrono recorrerei, quando apenas o justo estará seguro?”. A resposta a essa pergunta de Mozart, “a que patrono recorrerei?”, tratando-se da Lava Jato, já sabemos. Réus e investigados recorrerão a bem conhecidos ministros do Supremo. Mas não só eles os protegem. Trata-se de uma conspirata.

Lado a lado estão abastados empresários; Deputados, Senadores, muitos que receiam ser presos; parte do Judiciário, no corporativismo de sempre, quando começam a surgir casos comprometendo colegas; certos advogados, como se suas prerrogativas profissionais pudessem estar acima do interesse coletivo de impedir ou punir crime. E, bom não esquecer, o próprio Presidente da República. Que abandonou o discurso de combate à corrupção, com o qual foi eleito, para proteger os filhotes. Contra essa estrutura monumental de poder, só alguns do Ministério Público (enquanto não defenestrados pelo Procurador Geral da República). E uns poucos juízes, que merecem nosso respeito. É desigual.

Na tragédia Júlio Cesar, Shakespeare nos lega um dos mais belos discursos fúnebres. O de Marco Antônio. Lembro porque bem poderíamos começar, com ele, um texto para chorar o fim da Lava Jato. Ou em sua defesa. “Vim para enterrar Cesar, não para louvá-lo. O bem que se faz é enterrado com os nossos ossos”. Brutus foi um dos assassinos de Cesar, que o criou. E “Brutos era um homem honrado”, segundo Marco Antônio. Ele, aqui, simboliza o poder. Os que foram coniventes ou enriqueceram na grossa corrupção. Todos “homens honrados”, segundo alguns do Supremo. No fim do texto de Shakespeare, vai o povo às ruas. Clamando por justiça. A voz do indeterminado cidadão comum que não mais aceita ver, tanta corrupção, alegremente posta para baixo do tapete da história.

 

José Paulo Cavalcanti Filho

jp@jpc.com.br

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês*
ESPECIAL NAMORADOS

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.