
Enquanto Jair Bolsonaro inflama cada dia mais o discurso contra manifestantes antifascistas chamados pelo presidente de “terroristas”, um grupo de lutadores profissionais de MMA se organiza para partir para cima deles. Incomodados com os protestos a favor da democracia promovidos no domingo passado nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro que terminaram em tumulto, eles prometem vingança. São atletas, treinadores e praticantes de artes marciais que usam as redes sociais para formar uma milícia com intuito de enfiar a porrada em manifestantes apontados como antifascistas. Claro que eles sempre se apresentam no papel de herói, como se fossem defender os mais fracos.
Um dos mais exaltados é o atleta André Chatuba. Ele lançou uma Fake News numa rede social para espalhar que antifascistas “agrediram idosos e mulheres”. Ao lado de outros lutadores e treinadores de MMA, Chatuba convoca praticantes de artes marciais para atos de violência neste domingo em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Entre as trocas de mensagens, André recebe o apoio do treinador da equipe Renovação Fight Team (RFT) Felipe Borges e Tales Silva, ex-companheiro de treinos de Anderson Silva.




Na mesma postagem, Chatuba, que foi acusado de agredir uma namorada grávida em 2012, troca mensagens com Mauro Ribeiro de Paiva, integrante da Torcida Fúria Jovem Botafogo e com passagens por homicídio e tentativa de homicídio. Na conversa, André Chatuba lamenta que os manifestantes pela democracia não tenham sido alvejados com disparos por arma de fogo.

Quem também usou as redes sociais para convocar pitboys foi Renzo Gracie, integrante da família fundadora do jiu-jitsu brasileiro, e Igor Araujo, ex-atleta do UFC.


Renzo é um conhecido apoiador da família Bolsonaro e sempre posta ou compartilha mensagens de intolerância, com ameaças diretas ou indiretas, a opositores de Jair Bolsonaro. Em 2019, ele foi nomeado pela Embratur “embaixador do turismo internacional do Brasil”. Em agosto do mesmo ano, o faixa-preta causou uma crise diplomática ao ofender e ameaçar o presidente francês Emmanuel Macron e sua esposa Brigitte Macron. Nos prints abaixo, ele retuita a convocação de lutadores e “atiradores” para a manifestação.


Não é de hoje que o “mundo da luta” flerta com a cartilha bolsonarista e forma uma base de apoio ao Governo. Dois dos seus principais expoentes são os lutadores Wanderlei Silva, que liderou na última terça-feira, em Curitiba, uma manifestação contrária ao movimento antifascista, e Paulo Borrachinha, amigo de Jair e de seus filhos. Com bastante frequência, Borrachinha se vale de seu perfil nas redes para negar as causas do coronavírus e fazer ataques homofóbicos a opositores políticos.



Abaixo, um vídeo convocação de pitboys do Bolsonaro para encarar antifascistas. Usam o discurso de que estão indo para se defender, soltam frases de efeito como “estaremos prontos para qualquer coisa” e “nunca se mexe com um cidadão de bem”. E pedem também que a federação de Jiu-Jitsu casse a faixa-preta de Alexandre Frota, deputado visto como oponente político de Bolsonaro.