Mozart Neves Ramos está pronto para ser Ministro da Educação em qualquer governo. Suas aptidões de educador se formaram na medida em que gestores públicos, privados e não-governamentais o recrutavam para compor ou liderar equipes no mais complexo desafio humano que é educar.
Atribui-se a Freud a frase segundo a qual ele nomeava como tarefas impossíveis de se realizar plenamente: educar, governar e psicanalisar. Deixando a psicanálise sob a responsabilidade do seu pai fundador, governar e educar se tocam, não apenas no grau de dificuldade de executá-las, como também no real significado das palavras que se aproximam no sentido abrir caminhos, apontar rumos e aperfeiçoar subjetividades isoladas ou socialmente.
Pois bem, a maturidade profissional de Mozart coincide, exatamente, com o momento crítico em que, avanços e acertos de antecessores, com merecido destaque para Mendonça Filho, demandam aperfeiçoamentos e profundidade instrumental para que as atuais gerações não sejam imoladas pelo ímpeto inovador dos novos tempos.
Independente das reais intenções, o fato é que o nome de Mozart veio à tona no noticiário, muito mais com cara de fato consumado do que mera especulação, comum nas fases de transição de governo.
Repercussão impressionante! De todos os cantos e recantos; de todas as tribos e aldeias, trajadas com as cores do arco-iris, ecoaram aplausos ao acerto. Foi saudado como uma bandeira branca que daria trégua à guerra político-ideológica em que, a bem da verdade, predomina o nítido matiz ideológico de esquerda turbinado pelo proselitismo político-partidário.
Mozart nasceu Ministro desejável, mas com um pecado original insuperável: a virtude da moderação. Isso mesmo. A moderação que segundo Platão é a maior virtude do político que excerce o poder de forma comedida.
Leite derramado. Sem choro, nem vela. A torcida é que a sala de aula seja a incubadora da autonomia individual alicerçada no conhecimento e nos valores que preparam as gerações para o despertar do futuro.
O conflito direita/esquerda reduz e simplifica estupidamente a bela diversidade da vida e produz a camisa de força das ideologias. Neste sentido, todo cuidado é pouco para não difamar o conservadorismo, atentando para o que diz Russel Kirk: “A ideologia inverte as religiões. O que a religião promete aos fiéis numa esfera além do tempo e do espaço, a ideologia oferece a todos na sociedade – exceto aos que forem liquidados no processo”.
Gustavo Krause é ex-ministro da Fazenda