Maiores de 40 sabem o que significa estar-na-fossa. Lá pelos anos 60, a gíria traduzia tristeza grande, depressão profunda e sem motivação pra nada.
Usava o sentido mais habitual do substantivo feminino fossa – cavidade, profunda usada para, na falta de rede de esgotos, receber e guardar fezes humanas. Simplificando: Estar na fossa é o mesmo que estar na M.
A pandemia generalizou a fossa. Estamos todos numa bad trip sem fim. Uns mais, outros menos. Bad trip é a gíria sinônimo mais atual da velha fossa.
Benzão (ou beleza) mesmo talvez estejam os que aproveitam o caos para ganhar um bom troco, superfaturando equipamentos, remédios, aparelhos fundamentais para combater a doença. É a turma da antiga Lei de Gerson: Gosto de levar vantagem em tudo. São inomináveis. Tragédia humana. Sem caráter ou qualquer sentimento de compaixão. Cadeia é pouco pra eles.
Depois de 100 dias de quarentena, nós, os mais normais, ao menos em algum momento, se não estamos completamente na fossa, beiramos.
Agora, nesses últimos dias, por motivos outros, alguns personagens do cenário babélico brasileiro devem estar amargando baita fossa. Pela ordem:
1. Queiroz, o Fabrício mais famoso do país, que teve o sumiço de mais de ano trocado por cela de seis metros quadrados em Bangu 8. Sabe muito. E pensa nisso lá no xadrez.
2. JMessias Bolsonaro e os garotos zeros 1,2,3, levados à fossa justamente pelo compa Queiroz. O silêncio e o fim das prosopopeias de todos é o mais eloquente sinal do grau de fossa da turma em questão. Vai que Queiroz, pra sair da fossa, dá uma fraquejada e resolve bancar o X9 das rachadinhas do Flávio? Verdade que, no seu primeiro depoimento presencial, Fabrício segurou a peteca. Até quando controla o bocão nem Deus sabe. Cadeia é coisa difícil.
3. Frederick Wassef, o advogado que por “questão humanitária” deu guarida em três endereços diferentes pro desaparecido Queiroz. Enrolou-se em mal traçadas explicações, perdeu sua principal clientela e ganhou tretas com a lei.
4. Carlos Alberto Decotelli, o (ainda) quase terceiro Ministro da Educação. Aparece em quarto lugar na lista apenas pela ordem de entrada em cena. No momento é o hors concours na turma da fossa, da bad, da merda. Em três dias, viu desandar seu histórico acadêmico. Doutorado na Argentina? Fake. Pós-doutorado na Alemanha? Fake. Mestrado? Sob suspeita de cópia. Deu muito ruim pra ele.
Perguntar não ofende. Por que, no mundo exposto on-line, um professor mente no curriculum? Que mania é essa?
O inferno astral anda bravo na seara dos Messias e agregados.
Entre nós, as vítimas desta ira divina que assola o mundo, difícil escapar da fossa, da bad trip, do baixo astral, do sentimento de medo e de tristeza profunda pelos 502 milhões de mortos pelo covid 19 no mundo – mais de 58 mil no Brasil.
Para os listados no protagonismo da fossa, dá para relembrar o velho dito popular: Quem se mistura com porcos, farelo come.
Mas e nós, hein? Como não temer presente e futuro em tempos de pandemia e desacertos em série?
E, para completar a desgraceira, a OMS avisa: O pior ainda está por vir.
Ou seja, é o fosso da fossa? A bad trip é ilimitada? É baixo astral coletivo? Deu ruim mesmo? O fim do mundo bate à porta?
Tânia Fusco é jornalista