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O fascínio viajar!

Psicanálise da Vida Cotidiana

Por Carlos de Almeida Vieira
Atualizado em 21 mar 2018, 16h00 - Publicado em 21 mar 2018, 16h00

Viajar é ousar se separar; é ter a coragem de desbravar experiências inéditas que trazem consigo a alegria da descoberta e a angústia do desconhecido; é estar nascendo sempre, saindo do “útero imaginário da proteção”. Viajar é andar, voar, conhecer, sofrer, ter emoções fantásticas; viajar é percorrer o trajeto, as veredas entre a poesia trágica do nascer, a angústia visceral do estar vivendo, mas abrindo espaços de criatividade, e diz a lenda, distrair o destino da última estação, da misteriosa viagem do além-túmulo.

Viajo sempre, encontro pessoas desconhecidas que às vezes tem a beleza do desejo social, e outras que, ou por questões genéticas ou traumáticas, não cumprimentam nem esboçam algum movimento de solidariedade humana, ou em função da sua natureza ter uma área privada, prioritária de viver – eu chamaria isso de “recurso autístico” mesmo em pessoas ditas normais.

Viajar é se deliciar com um concerto sinfônico, uma peça teatral, um desconhecido(a) num café ou numa casa de tango ao som de Piazzolla. Faz parte de uma viagem, adentrar numa boa livraria e se alumbrar com os livros, as capas, o cheiro do papel e as propostas de novos vértices de cultura.

Outro dia encontrei uma cafeteria que o proprietário, tal como um poeta ou um músico compondo, fazia com afeto a delicadeza de um café italiano. Que delícia! A cor do creme misturado com a consistência do pó, criavam uma doçura cândida por entre minhas vísceras como se eu estivesse vivendo a delicadeza de um quarteto de câmara tocando Debussy. Nunca mais deixei de frequentar aquele café.

Numa noite fria paulistana vi a beleza de um grupo de jazz tocando standards de Billie Holiday. A cantora tinha um pouco a capacidade de cantar um glissando e alguns intervalos em quarto de tom, como cantava a Diva; o baixista sentia uma intimidade tão grande com seu instrumento que transmitia uma experiência de êxtase; as mãos e os dedos do pianista bailavam sobre as teclas como se ele deslizasse suas mãos nas reentrâncias de um corpo de mulher.

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Viajar é poder enriquecer sua alma de novas sofrenças, onde as artérias e veias da sua estrutura psíquica se dilatam e se retraem sem enfartes, mas com expansão da sua capacidade estética, artística, filosófica, social e humana. Viajar no maior sentido metafórico é se soltar dos braços do seio em direção a um espaço infinito para sempre via-a-ser.

Viajar em sempre sentir que flores se abrem anunciando novos vértices das cores, tessituras e afeto. As flores se abrem como que nos convidando para nos enebriar de novos momentos, visuais, adutivos, olfativos e sentimentais. “Flores do bem” como também “flores do mal”. Viajar é sempre ter coragem de renascer!

Carlos de Almeida Vieira é alagoano, residente em Brasília desde 1972. Médico, psicanalista, escritor, clarinetista amador, membro da Sociedade de Psicanálise de Brasília, Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e da International Psychoanalytical Association 

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