
Então posto em sossego no Jaburu, em um desses dias de sol resplandecente que ilumina Brasília nessa época do ano, a ver o filho Michelzinho e dona Marcela correrem felizes pelos amplos gramados do palácio, sentindo-se agradecido a Deus por ter sido aquinhoado em vida com muito mais do que se julgava merecedor, o presidente Michel Temer teve uma ideia: por que não ser candidato à reeleição?
É bem verdade que sua popularidade emperrou na casa dos 6%. Quer dizer: apenas 6 em cada 100 brasileiros aprovam seu desempenho. É verdade também que corre o risco de ser denunciado por corrupção pela terceira vez – uma tríplice coroa. Nunca antes na história deste país um presidente foi denunciado por crimes praticados no exercício do cargo. De resto, nada mais tem a fazer até que se esgote seu atual mandato.
E daí? Quem sabe esse conjunto de fatos adversos não indica justamente que estaria na hora de ele romper com a vida cômoda que leva, espantar a poeira e ir à luta pelo simples prazer de lutar e – sabe-se lá? – vencer mais um desafio às vésperas de completar 80 anos? Por que não? Tudo, menos assistir sem reagir às afrontas que lhe serão feitas pelos adversários durante a campanha. Tudo, menos perder a relevância.
Na pior das hipóteses – e ela, naturalmente não entrou nos seus cálculos -, Temer poderá negociar em melhores condições com seu sucessor algum tipo de indulto que o livre, e não somente a ele porque nesse caso seria mesquinharia, de futuros embaraços com a Justiça. Sim, essa coisa rastaquera e humilhante de ter que se defender em processos que se arrastam e dão muito trabalho até que os crimes prescrevam.