
Sobre Jair Bolsonaro pode-se dizer muita coisa – menos que seja um pai descuidado. Ainda com cinco anos de idade, os garotos aprenderam com ele a segurar um revólver. Antes dos 10 anos já sabiam atirar.
Adultos, ganharam do pai um mandato – Flávio, de deputado estadual, Carlos, de vereador, Eduardo de deputado federal. Nas eleições passadas, Eduardo renovou seu mandato graças ao pai, e Flávio acabou promovido a senador.
Carlos espera ganhar de presente no próximo ano a prefeitura do Rio, mas isso ainda não é certo.
Como presidente da República, Bolsonaro descobriu outra maneira de mimar os filhos: condecorá-los. Os garotos, mas não só eles dão muita importância a esse tipo de presente. Serve para enriquecer seus currículos e distingui-los aos olhos dos admiradores.
Em menos de um mês, Flávio (o Zero Um) e Eduardo (o Zero Três) já foram condecorados duas vezes.
A primeira com a medalha da Ordem do Rio Branco, conferida pelo Ministério das Relações Exteriores a quem, “por qualquer motivo ou benemerência, se tenha tornado merecedor do reconhecimento do governo brasileiro, servindo para estimular a prática de ações e feitos dignos de honrosa menção, bem como para distinguir serviços meritórios e virtudes cívicas”.
A segunda vez com a Ordem do Mérito Naval, destinada a agraciar “militares da Marinha que se tenham distinguido no exercício de sua profissão e, excepcionalmente, corporações militares e instituições civis, nacionais e estrangeiras, suas bandeiras ou estandartes, assim como personalidades civis e militares, brasileiras ou estrangeiras, que houverem prestado relevantes serviços à Marinha”.
Não seria o caso de pelo menos o governo informar que “serviços meritórios” os garotos prestaram ao Ministério das Relações Exteriores, e os “relevantes serviços” prestados à Marinha? É para não dar margem a suspeita de que foram amedalhados só por serem filhos de quem são.