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O Amor e suas vicissitudes

Psicanálise da Vida Cotidiana

Por Carlos de Almeida Vieira
Atualizado em 30 jul 2020, 20h07 - Publicado em 5 dez 2018, 14h00

Friedrich Nietzsche, em seu livro A Gaia Ciência, aforismo 14, denominado As coisas que chamamos amor, encontramos uma questão que ocupa as relações amorosas e a relação com as coisas. Escreve ele: “Cobiça e amor: que sentimentos diversos evocam essas duas palavras em nós! — e poderia, no entanto, ser o mesmo impulso que recebe dois nomes… as posses são diminuídas pela posse… enfadar-se de uma posse é enfadar-se de si mesmo, mas é o amor sexual que se revela mais claramente como ânsia de propriedade.”

O amor ligado à cobiça e à posse é o que podemos chamar de uma ligação caracterizada pela pulsão oral-sádica, canibal, perversa, que Freud mostrou em sua teoria da sexualidade. O bebê que mama, mas ao mamar é tomado por uma força interna de abocanhar, apropriar-se do seio (da mãe), seu primeiro objeto de desejo, inaugura a felicidade de ter, de poder, mas com um sentido egoístico, narcisista.

Na verdade, podemos dizer que todo esse empenho vem da força instintual e do sentimento de abandono e medo de ser mortal. Esse primeiro modelo de relação, quando intensificado e repetido, vai dar início ao vício, ao que chamo de “adição às pessoas”, e por consequência, a possibilidade de desenvolver a adição às drogas.

Mas Nietzsche é sábio quando diz que as posses são diminuídas pela posse, e isso enfadonha, ou seja, transforma-se numa relação vazia, sem sentido, sem satisfação duradora. O amor canibal não preenche a alma de quem acha que ama, ou dito de outro modo, não é amor no sentido de uma parceria, de uma troca, é a paixão insana e desesperada.

Isso marca a angústia do homem pós-moderno: o vazio, a depressão, o sem sentido, consequência de uma civilização que se incrementa nos séculos XVIII, XIX e começo do XX que se estende até os dias atuais. A morte da idealização fundada na Religião e prometida na sociedade industrial-burguesa. Não é por acaso que Nietzsche é atual quando cria a ideia do Super-homem, não o dos mitos infantis e cinematográficos, mas o Homem que se supera no humano, “demasiado humano”.

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Ao final do aforismo, nosso querido filósofo mostra uma saída: como transformar esse avalanche de impulsos (eu diria, destrutivos) em Amizade. Interroga o filósofo: “mas quem conhece tal amor? Quem o experimentou? Seu verdadeiro nome é amizade”.

 

Carlos de Almeida Vieira é alagoano, residente em Brasília desde 1972. Médico, psicanalista, escritor, clarinetista amador, membro da Sociedade de Psicanálise de Brasília, Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e da International Psychoanalytical Association 

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