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O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Nossos velhinhos (por Gustavo Krause)

O Presidente insiste no conflito pandêmico

Por Gustavo Krause
Atualizado em 30 jul 2020, 19h03 - Publicado em 29 mar 2020, 11h00

Nós, os velhinhos, nos queixamos da solidão e do abandono como se não tivéssemos cometido semelhantes pecados em relação aos nossos idosos. Ou, convenhamos, este foi o destino que nos reservou a longevidade. Nela, com déficits e precariedades, a gente vai levando, ora com o autoengano da melhor idade, ora com a alegria de viver tão forte que dá a sensação de que a vida não tem limites e a morte, sim.

De fato, estamos na linha de tiro. Quando a bala pega um pedaço da gente, deixa um vale de lágrimas, mas para os que têm fé na ressurreição, está escrito “Ó Morte! Onde está tua vitória”? Ela agora é uma peste assassina, vinda dos cafundós da China, mata as pessoas por atacado: tem nome – COVID-19 – e, com dosagem letal, ataca a vulnerabilidade dos idosos e portadores de comorbidades.

Sob a ameaça da catástrofe, o desastroso pronunciamento do Presidente Bolsonaro provocou discussão raivosa e desarrazoada sobre o que é prioritário: preservar a vida das pessoas ou evitar o impacto devastador sobre a economia a partir do tipo de isolamento? As duas, estúpidos! A prioridade depende de cada situação e, sobretudo, do bom senso. A tentativa de apropriação política é crime de lesa à pátria.

Uma certeza: os velhinhos são prioridade consensual. Um oitentão me confessou: “Krause, estou me sentindo amado!”. Uma referência emocionante, sem frescura sentimentaloide, assim complementado: “amor é a arma eficaz para prevenção e cura”. Uma lição para os homens do poder.

Tentei compreender o amor em tempos de coronavírus, a que se referiu meu amigo. Trata-se do amor prático que está incluído, disse Kant, no núcleo de todas as leis. Amar ao próximo significa praticar, de bom grado, todos os seus deveres para com ele; é agir como se amasse; amor não é um mandamento, é um ideal.

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Em outros episódios, a sociedade brasileira, solidariamente, surpreendeu e venceu desafios: a conquista da democracia, a construção do real, a força das ruas. A esperança dos velhinhos é que, em paralelo, os poderes da República não percam de vista a agenda das reformas e as futuras gerações.

Neste sentido, há uma Proposta de Emenda Constitucional com o objetivo de segregar do Orçamento Geral, um Orçamento para enfrentar, a curto e médio prazo, o Estado de Calamidade, de modo ágil e controle específico, com recursos suficientes para financiar gastos com saúde, educação e área social . A conferir.

Desta forma, sem perder a visão reformista de longo prazo, poderão ser atendidos concreta e urgentemente os que ganham a vida na economia informal e os que vivem mergulhados na pobreza absoluta. Dinheiro na mão dos necessitados é o remédio eficaz. O estômago não espera. Estas medidas requerem diálogo e a busca de rápidos consensos. As últimas medidas econômicas adotadas pelo Exacutivo e pelo Congresso (importante destacar a atuação do Parlamento), atendem à terapia de choque: dinheiro na mão dos heróicos trabalhadores autônomos, informais e crédito na veia do micro e pequeno empresário que mantenham os empregos. Na calamidade, a “política social” que resolve é dinheiro na bolso dos necessitados.

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No entanto, o Presidente insiste no conflito pandêmico, o conflito federativo: o Governo da União versus os 27 Governos Estaduais na direção oposta à pregação do Pacto Federativo, “mais Brasil, Menos Brasília”. Na reunião com os governadores do sudeste, Bolsonaro e Dória trocaram desaforos, como se estivessem em palanques com olhos vendados para as pessoas e bem abertos para as eleições de 2022.

Ora, a vítima da discórdia é a população desorientada. A vítima da desmedida ambição pelo poder é o regime democrático. As inclinações autoritárias apreciam e prosperam no caos. Sexta-Feira, 27, o governo postou uma peça publicitária sob o título “O Brasil não pode parar”, incentivando o isolamento vertical restrito aos grupo de riscos. Um sinal trocado em relação ao que recomendam os especialistas, a dura realidade dos países em franca progressão da pandemia e o Ministério da Saúde. É um grave e comprovado risco alterar a quarentena adotada e um fator de estresse político sobre o Ministro da Saúde.

Bom, a peça publicitária está judicializada por iniciativa de parlamentares perante o STF e a OAB acionou o TCU quanto aos procedimentos admistrativo-financeiros da iniciativa. Apesar de tudo Insisto: a sociedade brasileira vencerá a crise dela sairá “Antifrágil”, melhor do que entrou, capacidade adquirida por quem vence as crises na definição do grande pensador Nassim Taleb. Melhor e mais forte por conta do aumento expressivo de anticorpos contra infecções autoritárias.

Gustavo Krause é ex-ministro da Fazenda 

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