Agora, vai. A campanha presidencial começou na noite de domingo. E começou diferente. Não será uma campanha tão melancólica, como se previa. Ou se temia. A disputa tornou-se mais interessante. A escolha de alguns vices problemáticos – vice é um perigo, cobra pronta para o bote – e a composição de algumas chapas esquisitas, desenharam um novo cenário.
Foi um erro prever uma eleição desinteressante. Tinha profissional na área. Da prisão, Lula articulou a chapa que poderá bagunçar a disputa que vinha arrastada. Se vai ganhar, impossível prever. Serão outros 500. Mas, gostemos, ou não, o PT é o único partido que poderá acenar com novidades, caso Lula não seja autorizado a concorrer.
Entre as 13 parcerias já montadas (virão mais), nenhuma surpreende, todas previsíveis. Algumas estranhas, outras repugnantes – uma junta dois “soldados” que não são exatamente defensores do regime democrático. Lula é candidato até que a Justiça se pronuncie. Seu nome será levado a registro no Tribunal Superior Eleitoral. Até o dia 15, os juízes devem dizer sim ou não para sua chapa, com Fernando Haddad.
Lula apostou certo. Está preso, mas continua líder da oposição, segurou a militância, manteve seu nome em alta, continua bem nas pesquisas, e pôs na manga duas jovens figuras da política que, se não atraem a primeira vista, não provocam ódio ou rejeição instantâneos.
Seria preciso desconhecer a história política desse país para apostar que o PT cometeria suicídio, como apostaram especialistas no assunto. Se Lula não for candidato – tudo indica que não será – Fernando Haddad e Manuela D’Avila vão embaralhar as cartas de 2018. Fato inquestionável.
Lula sabe das coisas da política, e está deixando para a última hora a definição da chapa petista. Essa é sua cartada. Fica candidato até o prazo final. Inelegível, dá sua cara a Haddad. E nas poucas semanas que nos separam de 7 de outubro, a chapa Haddad-Manu terá que rebolar para conquistar maioria do eleitorado. Aí, será outra história. O PT está na berlinda, e o eleitor está cansado.
Esses últimos lances já prometem emoção à campanha. Para a esquerda, gente jovem, mais arejada. Haddad, Boulos, Manuela. Para a direita, opções variadas, de conservadores a radicais. Para o eleitorado, que não está nem um pouco interessado em discurso pra inglês ver, vai sobrar promessas. Há de se ter bom humor. E muita reza brava para não ficar pior do que está.