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O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Mais um atentado à democracia

Quando balas substituem o conflito saudável de ideias

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 28 mar 2018, 16h26 - Publicado em 28 mar 2018, 08h00

Pouco importa que o PT tente tirar proveito político dos quatro tiros disparados ainda não se sabe por quem contra dois ônibus que, ontem, no interior do Paraná, conduziam parte da caravana que acompanha Lula na visita a Estados do Sul e do Sudeste. Que partido não o faria?

(Lembra-se da bolinha de papel jogada na cabeça de José Serra quando ele disputou e perdeu para Dilma a eleição de 2010? Depois se disse que o “objeto contundente” era um rolo de fita adesiva. Nada se provou. A bolinha ou o rolo foi usado para ordenhar todos os votos possíveis.)

Pouco importa que configure escandaloso exagero a declaração feita pela senadora Gleisi Hoffman, presidente do PT, de que “tentaram matar Lula”. Se quisessem matá-lo já o teriam feito dado ao grau de exposição em que ele vive, e ao qual tem direito. Nada seria mais fácil.

Não mataram a vereadora Marielle Franco (PSOL) no centro do Rio? Quinze dias depois de sua bárbara execução, a Polícia Civil, a militar, os órgãos de inteligência do governo federal não fazem a mínima ideia da autoria do crime. Muito menos de quem o encomendou.

Impensável é que numa hora em que as balas substituem os argumentos no saudável conflito de ideias, políticos do porte de um Geraldo Alckmin, governador de São Paulo e candidato a presidente, João Dória e outros tantos não atentem ou não queiram atentar para a gravidade do fato.

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O alvo, ontem, nem foi Lula, que acertadamente trocou a via terrestre pela aérea para chegar ao seu destino. O alvo também não foi o PT do Lulinha Paz e Amor, da jararaca e do “nós contra eles”, seus convidados à caravana, os jornalistas que a seguem por dever de ofício.

O alvo foi a liberdade de ir e de vir, foi o contraditório, para quem não admite a livre manifestação de pensamento assegurada pela Constituição, ou só a admite para si. Que um radical, intolerante como o deputado Jair Bolsonaro, tenha calado quando assassinaram Marielle, compreende-se.

Dele não se pode esperar outra coisa senão cumplicidade com os radicais e intolerantes. Seguramente foram esses, seus eventuais eleitores, que atacaram com ovos, paus e pedras a caravana do PT nas últimas semanas, e sacaram das armas que dispararam os tiros.

Mas quem se apresenta como tolerante e democrata está obrigado a condenar o que aconteceu com todos os adjetivos ao seu alcance, e sem nenhuma ressalva. Dizer, como disse Alckmin, que o PT colhe o que plantou é justificar o crime e absolver de antemão os criminosos.

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