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J. W. Goethe atual

Psicanálise da Vida Cotidiana

Por Carlos de Almeida Vieira
Atualizado em 2 Maio 2018, 16h00 - Publicado em 2 Maio 2018, 16h00

A Editora 34 publicou em 2009 o livro Ensaios Reunidos: Escritos Sobre Goethe, de Walter Benjamin. Nesse livro, encontram-se dois ensaios: As afinidades eletivas de Goethe (1922) e Goethe (1928). Segunda nota da contracapa, esse último foi publicado na íntegra após sua morte e se relaciona às circunstâncias da história europeia. Na tradução feita, na página 137, encontramos o seguinte fragmento de Benjamin: “Naqueles anos (1786 a 1788), Goethe trabalhou também no Fausto e pelo menos estabeleceu o fundamento central de partes do segundo Fausto… Diz o poeta em 1781: ‘Nosso mundo político e moral está minado de galerias, porões e cloacas subterrâneas, como costuma ser uma grande cidade, em conexões com a situação geral de seus habitantes ninguém pensa nem cogita; só aquele que possui alguma informação a respeito poderá entender melhor as coisas do momento em que, de repente, o chão se afundar, subir ali uma fumaça[…] e se ouvirem aqui vozes espantosas’”.

Surpreende-me a citação de W. Benjamin e as palavras de Goethe! Nosso Brasil atual anda mergulhado em semelhante situação. Estamos vivendo a proximidade das eleições para presidente, deputados estaduais e federais; estamos diante da mudança (?), principalmente do Poder Legslativo onde pairam dúvidas, incertezas de que o modelo politico brasileiro será diferente. Pelo andar da carruagem, somos levados a pensar que continuará a mesma tradição “Casa Grande e Senzala” onde os eleitores serão seduzidos por senhores feudais controlando o Estado num regime de escravatura.

Não houve nenhuma mudança em projetos e leis que modificassem a educação, e com isso, nossos jovens (escravos), principalmente os mais pobres, continuarão a votar pelo cabresto; as famílias dominadoras do poder trarão seus filhos continuadores da vontade de seus pais (coronéis); o país está sendo vendido lentamente, descortinando com isso que, em breve, seremos e voltaremos a ser colonias dominadas pelo “Tio Sam”.

Como diz Goethe em seu Fausto: “o chão se afundar, subir ali uma fumaça […] e se ouvirem aqui vozes espantosas”. A diferença é que não temos a competência alemã nem a possibilidade de promover mudanças de ideologia humanista: GOD SAVE THE PEOPLE!!!

Carlos de Almeida Vieira é alagoano, residente em Brasília desde 1972. Médico, psicanalista, escritor, clarinetista amador, membro da Sociedade de Psicanálise de Brasília, Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e da International Psychoanalytical Association 

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