Imoralidade no rol dos comportamentos perdoados por Bolsonaro
Na República familiar, quase tudo é permitido

Por mais que reclame e que se diga perseguido, é ou não é um governo que na verdade suplica de joelhos para ser criticado?
Havia sido um dos poucos gestos inatacáveis do presidente Jair Bolsonaro nos últimos 30 dias, e não era pouca coisa no seu caso.
Mas aí, sabe como é… A falta de compromisso dele com o que diz e o que faz resultou em mais uma decisão que envergonha.
Ao voltar da Índia, Bolsonaro classificou de “imoral” o ato do 02 da Casa Civil de voar em jatinho da FAB para a Suíça, e o demitiu.
Como ele disse com razão, pode ter sido legal voar pela FAB ao invés de avião de carreira, mas “foi completamente imoral”.
Por quê? Porque o Brasil está em crise, e o governo sem dinheiro para pagar sequer suas despesas básicas. É grave.
Numa situação dessas, como um funcionário do governo esbanja dinheiro que não é seu, é dos que pagam suados impostos?
Ocorre que o demitido fora indicado para o cargo pelo filho do presidente, o embaixador que não foi, o deputado Eduardo.
O demitido era amigo também de Flávio. Acompanhara o próprio Bolsonaro em diversas viagens internacionais.
Ganhava R$ 17 mil de salário. Recebera só no seu primeiro ano de governo, R$ 90 mil em diárias. Sempre dá para guardar algum.
E tinha o privilégio de morar em um imóvel funcional. Não pagava aluguel. Qualquer reforma no imóvel corre por conta do governo.
Não seria fácil para Vicente Fantini arranjar outra boca tão grande. A pedido de Eduardo, Bolsonaro então deu o dito pelo não dito.
Não devolveu Fantini à mesma posição que tinha. Mas devolveu-o à Casa Civil ganhando apenas 400 reais a menos.
O prejuízo de Fantini foi menor do que uma diária de viagem economizada por ele. O de Bolsonaro, a ver-se mais adiante.
Em resumo: onde se leu que Bolsonaro demitira um auxiliar por imoralidade, leia-se: Bolsonaro perdoa imoralidade.
Queixem-se ao bispo os que mais uma vez se decepcionaram com o presidente. Ao bispo, não: ao pastor.