Dado que fora preso em outubro junto com mais 720 colegas no congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) realizado em um sítio remoto de Ibiúna, em São Paulo, o aconselhável era que me escondesse, assim como outros, para escapar do que estava por vir.
Eu era aluno do Curso de jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco e repórter de um semanário chamado “Edição Extra” que não duraria muito tempo. Havia trabalhado antes na sucursal do “Jornal do Brasil”, no “Diário de Pernambuco” e no “Jornal do Commercio”.
Fui me abrigar sob a proteção da batina reverendíssima de dom José de Medeiros Delgado, arcebispo de Fortaleza, meu tio, ex-arcebispo de São Luís do Maranhão onde casara José Sarney com dona Marly, batizara Roseana e mais tarde a casaria com Jorge Murad.
Sobrinho de bispo, àquela época e sob os seus cuidados, desfrutava de privilégios. Refugiei-me primeiro no seminário da Prainha, em Fortaleza. Depois, em uma casa da diocese na Serra de Baturité, a poucos quilômetros dali. As freiras me proporcionaram todos os mimos.
Mas como a crise política se arrastava sem que nada acontecesse, voltei ao Recife antes do que deveria. Foi dentro de um carro, na companhia de três amigos, que ouvi pelo rádio o locutor Alberto Curi ler o preâmbulo do Ato Institucional nº 5.