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Francisco não perdoou os pecados de Lula

Mas se o tivesse feito estava tudo hokey

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 30 jul 2020, 19h41 - Publicado em 30 Maio 2019, 07h00

Somente Deus, e abaixo dele o Papa, poderão dizer exatamente o que passou pela cabeça de Francisco quando escreveu ou aprovou a carta subscrita por ele e a remeteu ao ex-presidente Luiz Inácio da Silva, há mais de um ano encarcerado em Curitiba.

Datada do último dia 3, e em resposta a uma que Lula lhe mandou em 5 de abril passado, a carta revela a sabedoria acumulada pela diplomacia do Vaticano no trato de questões políticas delicadas, e está rigorosamente de acordo com a doutrina cristã.

Os devotos de Lula poderão entendê-la como uma expressão de solidariedade política, o que não é. É uma mensagem de conforto espiritual. Os adversários de Lula e do PT, como uma prova de que Francisco é um pontífice de esquerda. Direto ao ponto: comunista.

Na abertura da carta, Francisco refere-se a Lula como “Estimado Luiz Inácio”. Êpa! Estimado? Ora, Jesus nunca distinguiu entre pecadores e inocentes. Não lembra que ele disse: “Quem nunca pecou que atire a primeira pedra”? Todos são filhos de Deus.

No limite, Francisco até poderia ter afirmado na carta que absolvia Lula dos seus pecados. Não é como todos os padres procedem ao ouvir uma confissão? Mas Lula na carta dele não pediu a absolvição por seus pecados. E o Papa esquivou-se de absolvê-lo.

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O primeiro parágrafo da carta de Francisco é uma espécie de recibo que passa pela carta enviada por Lula, que lhe confidenciou “seu estado de ânimo” e sua avaliação sobre “o atual contexto sócio-político brasileiro”. Apenas um recibo afetuoso.

O segundo parágrafo contém reflexões sobre a política. Tipo: “Estou convencido de que a política pode tornar-se uma forma de caridade se for implementada no respeito fundamental pela vida, a liberdade e a dignidade das pessoas”. Taokey?

Imagine se Francisco tivesse se valido da carta para criticar “o liberalismo irresponsável, o capitalismo selvagem e patrões desumanos”. E dito que os trabalhadores são vítimas “da cobiça e de uma ganância desenfreada”, e de leis” anticristãs…

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Aí seria o atestado definitivo, a levar-se em conta o ânimo que impera por estas bandas, de que ele é comunista,  o primeiro Papa Vermelho. Mas o que Francisco não disse foi dito pelo Papa Leão XIII na Encíclica “Rerum Novarum” (Das Coisas Novas), de 1891.

Foi no terceiro parágrafo da carta que os devotos de Lula sentiram-se acolhidos: “Podemos passar da escuridão para a Luz; do pecado que separa Deus para a amizade que nos une a Ele; o bem vencerá o mal; e a verdade vencerá a mentira”. Êpa! Êpa! Não taokey.

“A verdade vencerá a mentira”. Francisco recomendou paciência a Lula porque restará provado que ele foi vítima de uma injustiça. E aí o bem triunfará mais uma vez… Só que o Papa referia-se a uma lição extraída do período da Páscoa. Nada a ver com Lula preso.

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Francisco usou os últimos parágrafos da carta para lamentar “as duras provas” que Lula “viveu ultimamente” – e cita as mortes de sua mulher, de um irmão e de um neto. Pede que não desanime nem deixe de confiar em Deus. E manifesta sua “proximidade espiritual”.

Não, não será desta vez que a esquerda poderá aproveitar-se de Francisco para cantar vitória. Nem que a direita poderá vilipendiá-lo sem arriscar-se aos castigos do céu.

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