
Digamos que fossem incontroversos, e não são, os fatos alegados pelo argentino Adolfo Pérez Esquivel, Prêmio Nobel da Paz, para que a honraria que lhe coube em 1980 fosse concedida desta vez ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Esquivel, e cerca de 500 mil pessoas daqui e de várias partes do mundo, assinaram um documento onde dizem que Lula merece o prêmio por pelo menos três razões:
• Em seus dois mandatos, tirou 30 milhões de brasileiros da pobreza;
• Reduziu em quase 50% a taxa de desemprego que havia herdado do governo anterior;
• Os programas de educação e saúde pública do seu governo elevaram o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país.
Mesmo assim haveria um pequeno problema para que o Comitê do Nobel premiasse Lula: ele foi condenado e preso por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. E arrisca-se a ser condenado mais duas ou três vezes ainda, e pelos mesmos motivos.
O Nobel da Paz jamais foi concedido a um corrupto preso e condenado. Não se trata de alguém apenas acusado de corrupção, mas condenado em todas as instâncias da justiça do seu país e derrotado em todos os recursos que impetrou na Corte Suprema.
Nenhum organismo internacional de justiça comprou a tese dos devotos de Lula de que ele é um preso político, e não um político preso. Mas de acordo com as leis brasileiras, ele é um político preso. A eleição sem ele foi disputada por seus companheiros.
A iniciativa de Esquivel, talvez o argentino mais encantado por Lula, faz parte de uma campanha para que o ex-presidente não seja esquecido, e para que possa, daqui há alguns anos, trocar o cárcere de Curitiba pelo aconchego do seu lar.
Lula é um líder político sem futuro. E a culpa disso é dele, só dele, exclusivamente dele. Ninguém é obrigado a roubar, a não ser para saciar a fome. A fome de Lula era de poder e conforto.