Digital Completo: Assine a partir de R$ 9,90
Imagem Blog

Noblat

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

De doido para doido

Pacto entre os poderes

Por Helena Chagas
Atualizado em 30 jul 2020, 19h41 - Publicado em 30 Maio 2019, 10h00

Com doido não se discute, ainda mais quando o doido foi eleito, tem ainda capacidade de levar um monte de gente para a rua e – mais perigoso ainda – tem nas mãos uma caneta cheia de tinta. O principal, nesses casos, é evitar um surto violento. Então, vai-se concordando com o que o sujeito diz e levando as coisas. Mas é óbvio que não dá para levar o dito a sério, porque em breve ele passa a ser o não dito.

Essa foi a lógica do ameno café-da-manhã que reuniu no Alvorada, dois dias depois dos protestos de domingo, os presidentes dos poderes da República. Em torno de Jair Bolsonaro, sentaram-se os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, um dos principais alvos dos manifestantes bolsonaristas, o do Senado, Davi Alcolumbre, e o do STF, Dias Toffoli, que também apanhou dessa turma.

Na linha do “ei, tenho uma ideia”, Toffoli propôs um pacto entre os poderes – aliás, um discurso que acalenta desde que assumiu o posto em meio a um dos maiores tiroteios internos e a um dos piores desgastes externos que a Suprema Corte já sofreu. O presidente do STF não soube explicar como o Supremo, a quem caberá dirimir dúvidas e divergências sobre propostas que vão estar no pacto, conseguirá acumular os papéis de árbitro e de parte. Mas os outros toparam – fazer o quê?

Ninguém, em sã consciência, se senta à frente do presidente da República para se recusar a fazer um pacto com ele em torno de reformas e medidas de combate ao crime. São aquelas generalidades com as quais quase todo mundo concorda de cara, e depois discorda na hora de aprovar de verdade. Estarão escritas no documento que os chefes dos poderes combinaram de assinar no dia 10 de junho para formalizar seu pacto – que, muito provavelmente, não vai fazer diferença alguma na ordem geral das coisas.

Antes mesmo do pacto, Rodrigo Maia, que é a favor da reforma da Previdência e, acima de tudo, representa no parlamento os setores que a defendem, decidiu tentar antecipar seu cronograma e pedir ao relator Samuel Moreira (PSDB-SP) que apresente seu parecer uma semana antes. Trata-se de uma tentativa e, sobretudo, de um discurso para a platéia do establishment, que anda muito nervosa.

Continua após a publicidade

Há sérias dúvidas de que Maia e o Planalto consigam os votos suficientes para aprovar a PEC ainda neste semestre, com pacto ou sem pacto. Seu companheiro do Senado, Davi Alcolumbre, tem pouco a perder ou ganhar com esse hipotético acordo. Fez o dever de casa direitinho ao barrar a mudança de endereço do Coaf na votação da medida provisória 870 na terça-feira. Ganhou espaço, inclusive, como articulador governista, já que o PSL, partido de Bolsonaro, bateu o pé quase até o último momento pela mudança – só evitada quando Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sergio Moro, deram o dito pelo não dito por escrito, em carta, mudando de opinião sobre o destino do Coaf.

Dar o dito pelo não dito nunca foi tão freqüente no Sanatório Planalto. A ponto de, durante a votação da MP da reforma administrativa, o senador Angelo Coronel (PSD-BA) ter cunhado a expressão governo pingue-pongue, “porque de manhã é pingue, de tarde é pongue”. Assim como no domingo é pancadaria, e na segunda é agrado.

Nos próximos dias, é provável que o pacto entre os poderes vá avançar e refluir com a velocidade de uma mola, e ninguém tem ideia de como estará em 10 de junho. Nas circunstâncias atuais, porém, não passa de conversa de maluco.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 9,90/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.