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Coronavírus: na contramão do mundo (por João Bosco Rabello)

A longo prazo estaremos todos mortos

Por João Bosco Rabello
Atualizado em 30 jul 2020, 19h04 - Publicado em 26 mar 2020, 13h00

A dubiedade do discurso oficial, que contrapõe as recomendações presidenciais com as do ministério da Saúde, parece incontornável diante do pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro em que voltou a tratar o coronavírus como uma “gripezinha”.

O presidente disse mais do mesmo. Criticou as medidas dos governadores e defendeu a reabertura de escolas e do comércio. Se o grupo de risco é acima dos 60 anos, abaixo disso todos deveriam viver a rotina normal, é o que se conclui da fala presidencial.

Bolsonaro fez a opção pela contramão. Se o presidente estiver certo, o mundo está errado. As orientações do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta permanecem, por sorte da população, alinhada com o resto do mundo.

O mesmo, no entanto, não se aplica à área econômica do governo. E, nesse caso, para azar da população, já que o confinamento prevalece, os serviços estão suspensos (menos os essenciais), salários são reduzidos, empresas e agências bancárias fechadas, mas as contas continuam a chegar, sem que o cidadão comum saiba como agir.

No modelo anterior, com a economia dividida em três Pastas (Fazenda, Planejamento, Indústria e Comércio), em circunstância de crise havia mais vozes à mesa de decisões. Com a fusão de todas as pastas em uma, na maior das crises só há a voz de Paulo Guedes. Nesse momento – e já há algum tempo – muda.

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O ministro está ausente de Brasília, centro das decisões. Fez seu home office no Rio e, pela desarticulação da equipe econômica, parece sintonizado com o pensamento do presidente de que tudo não passa de um resfriado. Ambos parecem não aceitar a realidade que lhes roubou todas as certezas.

Tal comportamento chama a atenção do mercado, dos atores políticos e dos economistas. Não há dúvida quanto à resistência de Guedes em aplicar a receita oposta à que aviou para o país, trocando um Estado mínimo por um Estado assistencialista como o momento requer. A dúvida é se não quer ou não está preparado para tamanha guinada.

A timidez da equipe econômica na reação à pandemia a faz perder tempo precioso para reduzir o impacto nas contas futuras. E passa a percepção de que Guedes perdeu a liderança do processo, do que pode ser um sintoma a edição da Medida Provisória, revogada por “erro de redação”, que suspendia salários sem contrapartida para o trabalhador.

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Essa postura da área econômica foi realçada por uma proposta singular do ex-secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, de uma moratória tributária ampla. Servindo-se de Charles Darwin e de John Maynard Keynes, ele mostra a necessidade de adaptação às circunstâncias e lembra que não há longo prazo. “A crise parou o tempo”, diz.

Everardo recomenda o desapego aos manuais e a modelos pré-existentes. De Darwin recolheu a lição de que “não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”. De Keynes, que “a longo prazo estaremos todos mortos. Economistas se põem em uma zona de conforto, totalmente inútil, se em temporadas tempestuosas só podem dizer que, quando a tempestade passar, o oceano voltará a se acalmar”.

Acrescente-se que no vácuo da inércia da área econômica, o Congresso tende a ampliar a autonomia que adquiriu na gestão separatista de Bolsonaro. Está em curso a elaboração de emenda constitucional para a edição de um orçamento para vigorar no estado de calamidade pública. “Um orçamento de guerra”, como definiu o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

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João Bosco Rabello é jornalista e editor-chefe do site Capital Político – https://capitalpolitico.com/ 

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