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Como chamar o que acontece na Bolívia

Golpe? Contragolpe?

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 30 jul 2020, 19h19 - Publicado em 12 nov 2019, 07h00

Em uma entrevista coletiva às 20h de ontem em La Paz, 21h no horário de Brasília, o general Williams Kaliman Romero, 56 anos, comandante das Forças Armadas da Bolívia, prometeu que suas tropas jamais “abrirão fogo contra o povo”. (A conferir já, já.)

Mas anunciou em seguida que elas começariam a patrulhar as ruas das maiores cidades do país para restabelecer a ordem pública. O uso da força, segundo ele, seria “proporcional” aos obstáculos que encontrassem para o cumprimento da tarefa.

Poucas horas depois, segundo a imprensa boliviana, tanques foram vistos em El Alto, a segunda maior cidade da Bolívia, há pouca distância da capital. No início da madrugada, soldados fortemente armados policiavam o centro de La Paz e o bairro de Sopocachi.

Àquela altura, Evo Morales, que renunciara à presidência, voava para o exílio no México. Kaliman Romero entrará para a história do seu país como o militar que convocou uma cadeia nacional de rádio e de televisão e sugeriu a Morales que renunciasse.

O primeiro indígena a presidir a Bolívia fez por onde ser derrubado ao tentar se eternizar no poder. Mas a Polícia, rebelada contra ele, ao recolher-se aos quartéis deixando que os conflitos se ruas se multiplicassem, contribuiu decisivamente para sua queda.

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De igual maneira, as Forças Armadas ao pressioná-lo para que abandonasse o cargo. Na última hora, Morales perdeu o apoio da Igreja Católica, sua tradicional aliada, e também de líderes sindicais que obedeciam às suas ordens. Que nome se dá a isso?

A Bolívia é o país dos golpes e contragolpes. Em 194 anos, houve 85. Em 2005, uma rebelião civil liderada por Morales cercou o palácio onde estava o então presidente Carlos Messa – sim, o mesmo que agora o enfrentou na eleição de outubro último.

À época, Messa renunciou ao cargo. Um governo provisório convocou nova eleição.  E Morales foi eleito presidente com 53,7% dos votos. A Constituição boliviana diz que o mandato presidencial é de 5 anos, com direito a uma única reeleição.

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Em 2009, Morales se reelegeu com 63,9% dos votos. Dali a mais 5 anos, atropelou a Constituição, obteve do Tribunal Supremo Eleitoral licença para se candidatar ao terceiro mandato, e outra vez se reelegeu com 61% dos votos. Encantara-se pelo poder.

E tanto que, apenas dois anos mais tarde, convocou um plebiscito para se candidatar pela quarta vez. Só conseguiu 48,6% dos votos. Novamente, o Tribunal Supremo, formado por ministros indicados por ele, concedeu-lhe nova licença para que disputasse.

Foi seu fim. A auditoria nas urnas feita pela Organização dos Estados Americanos (OEA) comprovou toda sorte de fraudes na eleição que Morales supostamente havia vencido. Quando ele disse que concordava com uma nova eleição, os militares disseram não.

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Essa é uma história sem mocinhos. E que acabará pior do que começou se não for realizada uma nova eleição de imediato e sob a supervisão internacional. A ser diferente, o que assistimos não terá passado de um golpe, pouco importa se em resposta a outro.

A eventual supressão da democracia na Bolívia seria uma tragédia para o continente onde a economia cresce quase nada e a desigualdade social só aumenta.

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