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Carlos Lyra, Além da Bossa e da Influência do Jazz

Música

Por Flavio de Mattos
Atualizado em 30 jul 2020, 19h47 - Publicado em 26 abr 2019, 14h01

O compositor Carlos Lyra, 85 anos, autor de músicas que marcaram o início da bossa nova, como Minha Namorada, Coisa mais linda, Lobo Bobo e a marcante Influência do Jazz, está lançando um novo álbum, Além da Bossa. É seu primeiro trabalho autoral em 25 anos. O repertório reúne composições novas e antigas, que ele nunca havia gravado, como as canções Até o Fim e Na Batucada. É uma produção primorosa, que destaca a qualidade e a sofisticação da obra de Carlos Lyra.

O disco tem participações muitos especiais de seus amigos Marcos Valle, João Donato, Dori Caymmi e Jacques Morelenbaum, entre outros. Além da Bossa traz ainda bolero, tango, samba canção, gêneros que Carlos Lyra considera igualmente relacionados com a bossa nova. Ele conversou comigo sobre jazz, sobre bossa nova e especialmente, sobre Influência do Jazz, sua composição de “protesto”, que se transformou, exatamente, em um ícone do jazz.

FM: Os historiadores da música brasileira destacam que a bossa nova surgiu influenciada pela música americana, o jazz, especialmente…

CL: Não é verdade. A Bossa Nova nasceu de muitas influências reunidas e um determinado tipo de jazz, o West Coast, foi uma das influências. As outras, os impressionistas Ravel, Debussy, Stravinsky; o bolero mexicano, a música francesa e também os standards americanos de Gershwin, Cole Porter, Jerome Kern, Rodgers and Hart.

A Bossa Nova tem todas essas influências e trabalha com todos os ritmos, do samba ao tango. Ela é uma estética. Uma maneira de compor com melodias elaboradas mas simples, harmonias sofisticadas mas encadeadas, sem “aranhas” e aquele ir e vir pelo braço do violão, e letras coloquiais e pra cima. Sem fossa!

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Você era fã de jazz? Quem você escutava? Que músicos lhe inspiravam? 

Eu e Menescal nos reuníamos para ouvir os acordes do Barney Kessel, que eram diferentes. Sempre gostei, apenas, do jazz West Coast. Chet Baker, Stan Kenton, Shorty Rogers, Dave Brubeck Quartet and Gerry Mulligan, eram meus favoritos e sempre me inspiraram.

Sua composição Influência do Jazz tornou-se um standard do samba jazz. Quando você a compôs, havia a real intenção de criticar essa influência?

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Fiz a composição exatamente para criticar o excesso de improviso de jazz que tomou conta da música brasileira na década de 60. E exatamente aquele improviso vazio e tão comum, onde o músico passeia pelas escalas sem qualquer melodia bonita, mostrando apenas técnica mas nenhuma inspiração melódica. É aquela velha história que ouvi em NY. Depois de um solo desses, viraram para o músico e pediram: Please, tell me a story!

Tom Jobim, rindo, após ouvir um músico fazer todo esse malabarismo com a minha música, me disse: “O que você fez foi propaganda subliminar!”

Se você ouvir minha primeira gravação de Influência do Jazz, verá que gravei com ritmo de samba e não de jazz.

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Você tem contabilizada quantas gravações existem de Influência do Jazz? Qual a versão que mais lhe agrada?

Não faço a menor ideia de quantas são. Essa música foi muito gravada por instrumentistas de todo mundo e é muito difícil acompanhar. Pra mim a gravação da Leny Andrade é definitiva.

Como você vê hoje o êxito de Influência do Jazz, como um tema de jazz, ainda que de brazilian jazz?

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Deturparam minha ideia da crítica e propagaram a música no estilo jazzístico e isso a fez ganhar o mundo. É uma daquelas coisas que você faz com uma intenção e ela faz sucesso por outro viés. Mas música é igual a filho. Você cria pensando que vai ser uma coisa e depois elas tomam um rumo inesperado que pode levar ou não ao sucesso. Nesse caso, ela fez sucesso e fico feliz.

Você considera que a influência do jazz na música brasileira, ao final, possa ter sido positiva, com o advento de uma música instrumental brasileira de qualidade?

Acho que elementos do jazz, principalmente as harmonias, foram muito positivas para sofisticar o violão brasileiro e, posteriormente, a música em todos os seus elementos e instrumentos, mas acho que é um bom tempero e, como todo tempero, não deve se sobressair para não tirar o sabor do protagonista que, nesse caso, é a música brasileira.

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– No vídeo a seguir temos Carlos Lyra e uma superbanda apresentando uma versão instrumental de Influência do Jazz, em uma versão já mais jazzística.

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