Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Noblat

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Bolsonaro, o príncipe e a suruba

República iconoclasta

Por Ricardo Noblat Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 nov 2019, 18h43 - Publicado em 14 nov 2019, 16h53

Imagine a cena.

Ao fim do encontro diário com os repórteres que cobrem o Palácio do Planalto, depois de discorrer como sempre sobre assuntos destinados ao esquecimento imediato, o general Otávio Rêgo Barros, porta-voz da presidência da República, está prestes a se despedir com sua saudação habitual (“Paz e bem”) quando do fundo do auditório lhe é feita a última pergunta:

– A propósito, general, o presidente Jair Bolsonaro fez algum comentário sobre o dossiê da suruba que disse ter recebido?

Na Casa Branca, em Washington, uma pergunta como essa provocaria risos na assistência e, a depender do dia, talvez chamasse alguma atenção. Ali já se ouviu de tudo. O porta-voz de Bill Clinton foi obrigado a responder durante meses sobre a marca do esperma presidencial encontrada no vestido da ex-estagiária Monica Lewinsky. Por pouco, Clinton escapou de perder o mandato.

Mas aqui, não. Aqui causaria estupor a pergunta sobre o dossiê da suruba que, segundo admitiu indiretamente Bolsonaro, o fez desistir no passado de convidar para ser seu vice o atual deputado federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP). Nenhum repórter a faria por duplo medo: o de perder a credencial que lhe dá acesso ao palácio ou, no extremo, o próprio emprego.

Continua após a publicidade

Paz e bem ao general porta-voz que não corre o risco de ouvir nada de parecido, embora não haja, hoje, assunto mais comentado nas redes sociais do que o dossiê da suruba. Compreensível. Tratado como “O Príncipe” pelos que o conhecem por ser um dos herdeiros da família imperial brasileira, Luiz Phillipe foi o responsável por detonar a polêmica que promete ter vida longa.

Em encontro com Bolsonaro e outros deputados do PSL no Palácio do Planalto, Luiz Phillipe diz ter travado com ele o seguinte diálogo:

– Príncipe, estou te devendo eternamente…

Continua após a publicidade

– O que é isso… Deve nada, presidente! – respondeu o príncipe.

– Devo sim. Você deveria ter sido meu vice, e não esse Mourão aí. Eu casei, casei errado. E agora não tem mais como voltar atrás.

A Mônica Bergamo, colunista da Folha de S. Paulo, o príncipe confidenciaria mais tarde:

Continua após a publicidade

– O Bolsonaro não precisava de mim para ganhar a eleição. Precisava de alguém que fosse simplesmente leal. Na época, até fiquei aliviado porque ele me liberou para fazer outras coisas.

O tal dossiê reuniria fotos de Luiz Philippe em uma suruba gay. E teria sido entregue a Bolsonaro por Gustavo Bebbiano – à época presidente do PSL, depois ministro da Secretaria-Geral da Presidência e, por fim, alvo de mensagens postadas no Twitter pelo vereador Carlos Bolsonaro que o queria fora do governo e distante do seu pai. Bebbiano foi abatido, mas não se abateu.

Uma vez citado no caso da suruba, gravou um vídeo onde oferece sua versão da história. Segundo ele, Bolsonaro recebeu “de um delegado federal e um coronel do Exército” informações contra “o príncipe”. O dossiê incluía imagens do deputado em uma suruba gay e relatos de agressão a moradores de rua. Coube a Bebbiano, instruído por Bolsonaro, comunicar ao “príncipe” que ele dançara.

Continua após a publicidade

À falta de um vice melhor, Bolsonaro escolheu o general Hamilton Mourão Filho, com quem viveu às turras nos seus primeiros meses de governo. Mourão teimava em comportar-se com sensatez em contraposição ao chefe. Apanhou feio de Carlos e do autoproclamado filósofo e guru da família Bolsonaro, Olavo de Carvalho. Mas resistiu. Vice só deixa de ser o que é se renunciar.

Em tempo: sem perder a elegância nem elevar o tom da voz, o “príncipe” nega que seja ou que tenha sido gay um dia. Nega ter participado de suruba. Nega ter agredido moradores de rua. Fica o registro. “God save the emperor”. E segue o baile.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.