
O milagre número um, segundo admitiu o capitão Jair Messias Bolsonaro, foi ele ter escapado com vida do atentado à faca em Juiz de Fora. O segundo milagre, ter sido eleito presidente da República, coisa na qual sua própria mulher jamais acreditou, e nem ele.
O terceiro milagre, a ser conferido no futuro, será ele recuperar-se do severo desgaste produzido na sua e na imagem do governo em menos de três meses de existência. Disso deu notícia, ontem, uma nova pesquisa IBOPE, para aflição de Bolsonaro e dos seus devotos.
Após dois meses no cargo, Bolsonaro perdeu um terço da aprovação inicial ao seu governo. Em janeiro, 49% dos entrevistados se disseram satisfeitos com os resultados da administração do capitão. Agora, apenas 34%. É preocupante. Inspira cuidados.
O percentual dos que consideram ótimo ou bom o desempenho do governo Bolsonaro é menor do que o obtido por Fernando Henrique Cardoso (41%) em março de 1995. E menor do que os de Lula (51%) e Dilma (56%) no mês de março dos seus primeiros mandatos.
A queda de Bolsonaro não se deve apenas a eventuais erros cometidos por ele e seus colegas de um governo improvisado às pressas. Deve-se, antes de tudo, ao fato de que ele foi eleito porque a maioria dos brasileiros quis dar um basta a tudo.
O voto contra tudo e contra todos convergiu para Bolsonaro porque ele foi o candidato que soube melhor expressar tal sentimento. Surgiu como um meteoro brilhante. Arrisca-se a passar como um. Tomara que pelo menos não cause muitos danos.
Sua esperança de reabilitação ampara-se na retomada do crescimento da economia e nos resultados do combate ao crime. Mas para que ela cresça é preciso que ele promova as reformas do Estado, e isso lhe cobrará um preço em termos de popularidade.
A vida do capitão não será fácil. A sorte é que ainda lhe resta muito tempo para bater no peito, arrepender-se dos pecados e corrigir a rota do seu governo. Terá humildade e discernimento para tanto? A conferir.