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A síndrome do touro

As relações entre os três Poderes atravessam momento crítico

Por GAUDÊNCIO TORQUATO
Atualizado em 30 jul 2020, 19h46 - Publicado em 28 abr 2019, 10h00

Uma constatação: o Brasil padece da síndrome do touro. Em vez de pensar com a cabeça e arremeter com o coração, faz exatamente o contrário. Vejam: o presidente Bolsonaro ouve impropérios contra militares num vídeo de Olavo de Carvalho, põe em sua rede social e retira 20 horas depois. Repudia a acusação, mas exalta a figura do guru. O filho Carlos joga mais pólvora na fogueira e compartilha o vídeo com seus seguidores. Síndrome do touro.

O governo, trôpego e sem rumo, embala a reforma da Previdência e a encaminha sem discussão à Câmara. Falta articulação política e o pacote ganha intenso debate na comissão que deveria analisar só a admissibilidade, não o mérito. A oposição procura obstruir a sessão. A tensão entre Executivo e Legislativo se escancara: quem comandará os próximos passos na Comissão Especial e no Plenário? Síndrome do Touro.

O STF, criado em 1890 como instância máxima de um dos três Poderes da República, entra em parafuso com a decisão tempestuosa de seu presidente Dias Toffoli de censurar uma revista e um site pela reportagem “O amigo do amigo de meu pai”. Nossa mais alta Corte padece de uma das maiores crises de credibilidade de sua história. Alguns de seus ministros sofrem intenso bombardeio midiático. Síndrome do Touro.

As relações entre os três Poderes atravessam momento crítico. O Legislativo tenta criar um escudo em defesa de prerrogativas, sente-se acuado pela Corte e insere em sua agenda uma CPI da Toga, com a qual procura pressionar o Supremo. Em outra frente, um ministro acusa o Ministério Público de “hiperativismo”, com “procuradores usando métodos questionáveis para transformar investigados em delatores”. Sobram termos como “gentalha, cretinos, incivilizados”. Procuradores destemidos enfrentam magistrados e um deles sofre processo administrativo disciplinar no Conselho do MP. Síndrome do Touro.

Difamação, injúria, calúnias e uma gigantesca coleção de adjetivos e acusações inflamam a arena de lutas das redes sociais. Bolsonaristas digladiam com lulistas e sobram flechadas para todos os lados. Cicatrizes de campanha permanecem abertas. A fogueira recebe cargas de lenha, ampliando o apartheid social. Síndrome do Touro.

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A esfera artística, em sua maioria perfilada à esquerda, ressente-se da política do novo governo de rebaixar para R$ 1 milhão o teto de patrocínios culturais. A Lei Rouanet já estava na mira do novo governante. A decisão aumenta o fosso entre artistas e a administração, fechando interlocução e articulação. A classe artística deverá tocar alto suas trombetas. Síndrome do Touro.

Os parlamentares ainda não se deram conta da imprescindibilidade das reformas, como a previdenciária. Sem elas, não haverá amanhã radioso. Um país de grandes riquezas ameaça se transformar em um território de misérias. O Congresso parece Torre de Babel, onde muito se fala e pouco se ouve. E o que se ouve nem sempre é o mais adequado.

Que se proclame: o momento sugere que se pense com a cabeça e arremeta com o coração. Não como faz o touro.

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Gaudêncio Torquato é jornalista, professor da USP e consultor político

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