
Preso na Bolívia em janeiro de 2019 e extraditado para a Itália, o terrorista Cesare Battisti só levou dois meses para confessar sua participação em quatro homicídios cometidos no final dos anos 1970, quando fazia parte de um dos muitos grupos armados da esquerda que se insurgiram contra o Estado.
Solto desde novembro do ano passado, só agora, e mesmo assim porque foi provocado a falar a respeito, Lula admitiu que se arrepende de ter concedido asilo a Battisti no último dia do seu segundo mandato como presidente do Brasil. Disse que deve desculpas à esquerda italiana. E aos brasileiros, não deve?
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“Hoje, acho que, assim como eu, todo mundo da esquerda brasileira que defendeu Cesare ficou frustrado, decepcionado. Eu não teria nenhum problema de pedir desculpas à esquerda italiana e às famílias do Battisti”, disse Lula. Talvez tenha querido dizer que deve desculpas às famílias das vítimas de Battisti.
Lula alega que seu então ministro da Justiça, Tarso Genro, assim como outros líderes da esquerda brasileira, estavam convencidos da inocência de Battisti. “Ele enganou muita gente no Brasil”, afirmou Lula. O correto seria dizer que muita gente no Brasil deixou-se enganar, e não foi por falta de aviso.
O governo italiano e expoentes da esquerda de lá mandaram a Genro e a Lula farta documentação que provava que Battisti era culpado pelos crimes que lhe foram imputados. Condenado à prisão perpétua, fugira para a França, México, e finalmente aportou aqui. O asilo abalou as relações entre o Brasil e a Itália.
Aos 65 anos de idade, Battisti está isolado num presídio de segurança máxima na ilha da Sardenha.