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Por Coluna
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A queda

Em Brasília, o viaduto e os valores sofrem do mesmo mal: a corrosão.

Por Gustavo Krause
Atualizado em 18 fev 2018, 16h03 - Publicado em 18 fev 2018, 16h03

O título nos remete a vários significados e fortes simbolismos.

O significado dominante da queda é a ruptura: o desarranjo mecânico de uma pessoa que leva ao riso tragicômico antes do gesto solidário; o desmoronamento de nações que leva ao aparecimento de nova ordem social.

Há uma expressão consagrada “cair em si” que traduz a tomada de consciência do sujeito em relação a ele próprio ou à realidade que o cerca. É o tema de Albert Camus (Nobel, 1957), no livro A queda, obra densa, filosoficamente contundente em concisas 85 páginas. Nela, o personagem narrador – Jean-Baptiste Clamence – ao se omitir de prestar socorro a uma suicida – mergulha na autoconsciência e, diante do “juiz-penitente”, se enxerga egoísta, hedonista, prepotente, corrupto, ou seja, o oposto do que se imaginava e, afogado na auto-degradação lúcida, tomba no sentimento de culpa, da culpa do mundo a qual estende a todos os homens.

Por sua vez, como expressão histórica, a “Queda da Bastilha”, em 14 de julho de 1789, assumiu o significado icônico da Revolução Francesa que fez ruir o Antigo Regime e nascer nova ordem baseada nos princípios iluministas. Entre caminhos e descaminhos, o mundo jamais foi o mesmo depois da Revolução Francesa.

No mesmo sentido, o século XX, breve e extremado, segundo Hobsbawn, vai de 1914, início da I Guerra Mundial, até 1991, com o fim da União Soviética. No dia 09 de novembro de 1989, “A queda do muro de Berlim”, promovida por manifestantes, prenunciava fim da “guerra fria”, bipolaridade que separava o bloco ocidental, liderado pelos EUA, e o bloco oriental, liderado pela URSS. Em 1991, o império soviético, enfraquecido pela crise dos anos 80 e pela fracassada tentativa reformista de Gorbachev, chegou ao fim com a independência das nações que o integravam.

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Em relação à “queda”, o Brasil não passou em branco, mais precisamente, Brasília (06/2), com o desabamento de parte do viaduto que integra o Eixão. O aumentativo se impõe pela voz do povo e pela monumentalidade do que acontece na Capital Federal, desde a concepção arquitetônica aos gigantescos esquemas de corrupção.

Na leitura simbólica, fica evidente a irresponsabilidade política dos nossos governantes. Sob as vistas dos poderes da República, a presidente do CREA/DF emite o seguinte atestado: “(o desabamento) foi uma tragédia anunciada […] As vistorias solicitadas não foram atendidas”.

Em Brasília, o viaduto e os valores sofrem do mesmo mal: a corrosão.

Gustavo Krause é ex-ministro da Fazenda do governo Itamar Franco  

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