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O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

A perda de um Amor

Psicanálise da Vida Cotidiana

Por Carlos de Almeida Vieira
5 set 2018, 16h00 • Atualizado em 5 set 2018, 16h00
  • Quando se perde alguém amado, o que se perde? Se a relação é de fusão, perde-se a si mesmo e não o outro, pois todo o amor, toda a libido estava posta na outra pessoa, e na perda não sobra nada para o Eu sobreviver. Isso acontece em pessoas que têm baixa auto-estima, ou seja, não conserva em si o amor próprio.

    No entanto, quando a relação é de parceria, de troca, de respeito mútuo e consideração pela alteridade, a dor psíquica é muito grande. Nessa hora, por algum tempo há que se fazer o luto para que não caia na depressão (ódio à perda). Perder algo, alguma pessoa, por separação, desamor ou morte, é uma vivência dolorosa que requer recursos de sobrevivência; que requer capacidade para tolerar a falta sem perder a vida própria transformando em morte na vida.

    Perder alguém, e não é tão infrequente, é viver o que Proust viveu com sua Albertine. Tanto que escreveu dois belos e dolorosos livros sobre Albertine prisioneira e Albertine, a fugitiva. Atente, prezado leitor, para a angústia de Marcel (Proust), descrevendo numa prosa poética, o amor por Albertine: “O desejo é forte e produz a crença; eu não acreditara que Albertine partisse porque assim o desejava. E porque o desejava, acreditei que não estivesse morta; pus-me a ler livros sobre mesas falantes, comecei a julgar possível a imortalidade da alma. Isso, porém, não me bastava. Era preciso que depois de minha morte, eu tornasse a encontrá-la com seu corpo, como se a eternidade se assemelhasse à vida. Que digo: à vida? Era mais exigente ainda. Quisera que a morte não me privasse jamais de prazeres que ela, entretanto, não é a única a nos subtrair”.

    Esse é o amor canibal, possessivo, fusional, que se transforma numa melancolia eterna. Na contraparte da qualidade amorosa, mais integrada e sana, o “poeta dos poetas”(?) segundo Dostoiévski, Aleksandr Púchkin escreve esses lindos versos: “Eu vos amei. Ainda talvez vivo./O amor não se apagou no peito meu;/ Mas não vos seja de aflição motivo:/Entristecer-vos não desejo eu./ Eu vos amei, mudo, sem cor de espera./Ora acanhado, ora de ciúme a arder./Eu vos amei com ternura sincera./Deus queira amada assim venhais a ser.”

    O amor é doce, sincero, amigo, partilhado, por isso quando se perde, fica. Fica a representação e o afeto pela pessoa perdida; o amo cruel, voraz, canibal, possessivo quando se perde, perde-se a si mesmo e não o outro, pois o outro não existia como Outro. Quando se ama verdadeiramente, o amado representa o prazer e também a dor, a presença e a ausência, aí há espaço para fazer o luto e não a melancolia que Marcel Proust escreve poeticamente em seu romance “Em busca do Tempo Perdido”.

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    Carlos de Almeida Vieira é alagoano, residente em Brasília desde 1972. Médico, psicanalista, escritor, clarinetista amador, membro da Sociedade de Psicanálise de Brasília, Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e da International Psychoanalytical Association  

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