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A nova teoria sobre o sorriso da ‘Mona Lisa’ de da Vinci (por Juan Arias)

O mistério de captar um movimento pode ser transferido a nossa capacidade de adivinhar a dor do próximo antes de ela florescer

Por Juan Arias
Atualizado em 30 jul 2020, 18h50 - Publicado em 27 jun 2020, 12h00

Leonardo da Vinci, um dos maiores gênios do Renascimento, não deixa de nos surpreender, 500 anos depois da sua morte. Um dos mistérios de sua genialidade foi o famoso sorriso, apenas esboçado, misterioso, da Mona Lisa, uma das pinturas mais famosas e polêmicas da história da arte. A Mona Lisa era homem ou mulher? Por que da Vinci quis captar em sua tela esse instante do sorriso antes de florescer em seu rosto?

Agora sobre a Mona Lisa, a pintura a respeito da qual se escreveram obras inteiras sem que ninguém tenha sido capaz de decifrar totalmente seus mistérios, apareceu uma nova teoria que não deixará de intrigar não só os especialistas em pintura como também os simples mortais. Foi revelada pelo site argentino MDZ. Trata-se da genialidade mostrada pelo pintor que foi capaz de captar e pintar um sorriso antes de acabar de acontecer. E se perguntam os especialistas se não seria uma qualidade do artista de captar a olho nu fotogramas que ninguém até agora, fora das máquinas modernas, era capaz de captar. Ou será que o gênio florentino possuía em seu cérebro uma capacidade que falta a outros de captar movimentos imperceptíveis, como um sorriso antes de se formar.

O autor da nova teoria sobre a genialidade agregada do artista para captar imagens de milésimos de segundo é David Thaler, professor de genética e biotecnologia da Universidade de Basileia (Suíça). Segundo ele, a frequência crítica de fusão da piscada para um ser normal se encontra entre 20 e 40 flashes por segundo. Por isso, explica, quando vemos um filme projetado a velocidades de 48 a 72 imagens por segundo, os fotogramas individuais são percebidos como uma continuidade.

Portanto, se Leonardo da Vinci foi capaz de captar em sua pintura esse esboço de sorriso como se se tratasse de um fotograma fixo de algo em movimento, é porque possuía uma capacidade de visão que falta aos outros.

A nova teoria foi elaborada através de escritos conservados do artista em que conta que uma libélula voa com quatro asas, e quando as da frente estão erguidas as traseiras estão abaixadas. Trata-se de uma observação que os cientistas só foram capazes de descobrir 400 anos mais tarde, graças às câmeras de alta velocidade capturando movimentos com centenas de imagens por segundo.

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Tinha Leonardo nervos em seus olhos e cérebro que nos faltam, ou conseguia isso com a força de sua curiosidade inata e infinita? Só saberíamos com um estudo do seu DNA. O que podemos concluir é que, se o cinema existisse nos tempos do gênio, ele teria sido capaz de observar cada fotograma separado do filme.

Mas por que quis trazer para minha coluna esta nova pesquisa artístico-científica, nestes momentos sombrios que vive a humanidade, golpeada por uma pandemia que humilha nosso orgulho de seres inteligentes? Não existem temas mais importantes a tratar? Sim e não. A importância de uma notícia é difícil de calcular porque às vezes ela vem acompanhada de um substrato misterioso de significados metafóricos.

Neste caso do descobrimento de uma possível genialidade inédita até agora na humanidade, como aparece nessa capacidade do pintor renascentista de poder captar flashes de imagens em movimento nunca até agora observadas pelos humanos, nos leva além do mistério da Mona Lisa. É possível que se tratasse de uma capacidade misteriosa de Leonardo de ver o que não é permitido aos nossos olhos. Ou talvez signifique que o ser humano oculta capacidades ainda não descobertas de conhecimento que só se tornam visíveis em alguns gênios. E isso para o bem e para o mal.

Se dizemos que é impossível calcular matematicamente a capacidade satânica do Homo sapiens de produzir dor, violência e morte, também é incalculável, por outro lado, a capacidade oposta e sublime de fazer o bem, do sacrifício altruísta, a ponto de dar a vida pelo outro.

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Certamente nenhum de meus leitores hoje é capaz de captar a maravilha que era natural a Leonardo, de poder observar matizes das coisas em movimento como esse sorriso da Mona Lisa que é quase irreal, pois ninguém hoje é capaz de deter uma ação em movimento, como o ato de sorrir, antes de ter ainda ocorrido. Dizemos que é magia, mas a ciência hoje nos ensina que isso não só é possível, como também que o genial pintor de tantas obras de arte foi capaz disso.

Se for verdade que nosso cérebro e nossos nervos ópticos são incapazes de realizar tal proeza, podemos, por exemplo, com nossa força de empatia e de compaixão, com nosso desejo de fazer os outros felizes ou de aliviar sua dor, adivinhar esse momento só olhando para os olhos e captar as profundezas de sofrimento às quais o ser humano e talvez todos os outros animais podem chegar. Possivelmente até as plantas.

Nestes tempos de inquietação, açoitados pelo medo da pandemia, os psicólogos e psiquiatras nos contam que estão aumentando gravemente os níveis de sofrimento psíquico, o que está levando as pessoas a um consumo quase maciço de ansiolíticos para aliviar tanta dor. E que melhor ansiolítico para cada um de nós que a palavra, o olhar, o gesto de empatia com esse próximo aflito até adoecer física e psiquicamente?

Esse doce mistério que parece ter sido descoberto nos olhos do grande pintor e inventor ao captar um sorriso em movimento nós podemos transferi-lo a nossa capacidade de adivinhar a dor do próximo ainda antes de ter florescido em seu rosto. Isso se chama compaixão, que é saber adivinhar quando alguém, perto ou longe de nós, sofre o vazio insondável do afeto e da solidão.

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Certamente, se Leonardo da Vinci era capaz de captar um sorriso ainda em movimento, talvez seja possível a todos nós descobrir a dor de quem amamos antes ainda de que as lágrimas a traiam.

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