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O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

A elaboração da Solidão

Psicanálise da Vida Cotidiana

Por Carlos Vieira
5 fev 2019, 12h00 • Atualizado em 30 jul 2020, 19h59
  • A Solidão e sua Porta

    “Quando mais nada resistir que valha/ a pena de viver e a dor de amar/ e quando nada mais interessar,(nem o torpor do sono que se espalha).

    Quandopelo desuso da navalha/ a barba livremente caminhar/ e até Deus em silêncio de afastar/ deixando-te sozinho na batalha

    A arquitetar na sombra a despedida/do mundo que te foi contraditório,/lembra-te que afinal te resta vida/ com tudo que é insolvente e provisório/ e de que ainda tens uma saída:

    Entrar no acaso e amar o transitório”.

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    Esse poema de Carlos Pena Filho, poeta pernambucano que se foi jovem, mostra a importância da vivência do tempo, ainda que “insolvente e provisório”. O poeta, que ofereceu seu poema a Francisco Brennand, viu uma saída para o sentimento de solidão, estado implícito na existência humana, sem o significado de abandono. Mesmo após perdas e mais perdas que tenhamos na vida, o poeta sabe que o tempo merece ser vivido no aqui e no agora, no transitório da nossa viagem, nas veredas que Guimarães Rosa oferecia para que os homens não se angustiassem com começo e fim, e sim tirassem proveito do viver, do caminho, da trajetória.

    A maior contradição existencial é definida quando nascemos, pois isso determina um fim, não uma eternidade, mas a capacidade de amar o transitório e o acaso, como enfatiza Carlos Pena. Mesmo “sem Deus”, encontramos dentro de nós o vivido, a saudade dos amores que se foram, a alegria de ter sido bom e ruim. “Lembra que afinal te resta a vida” é uma metáfora, a vida é grande em tamanho e qualidade, claro, quando não se a vive somente nas lamentações quanto ao passado nem nas alucinações sobre o futuro. A vida é aqui, aí, é devir, é viver minuto a minuto, hora a hora. Nunca se vive o passado nem o futuro; o que nos resta “é a vida que é insolvente e provisória”, mas que é o espaço e o tempo de viver.

    Num outro soneto, Carlos Pena chega a escrever no último terceto: “a vós, rosa silvestre, ave sem rumo,/ venho dizer que é em vossas  mãos sem nada/ onde me aprumo e onde me desaprumo”.

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    A dialética poética de Carlos é além de poesia uma filosofia de vida, um jeito de unir o que chamo de poeta-filósofo, como os franceses do século XX aconselhavam aos filósofos serem escritores-filósofos. Nietzsche que usou a filosofia para viver a vida, e não para se encastelar em conceitos teóricos, diz que necessitamos, todos os homens de “espírito-livre” devem ser ultrapassados, ultrapassar a conjuntura, a transitoriedade, para ter a vitória da humanização. Carlos Pena sabia disso quando poemou os versos acima.

     Carlos de Almeida Vieira é alagoano, residente em Brasília desde 1972. Médico, psicanalista, escritor, clarinetista amador, membro da Sociedade de Psicanálise de Brasília, Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e da International Psychoanalytical Association 

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