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2022 é só em 2022 (por Mary Zaidan)

A única certeza é de que os prefeitos eleitos terão uma crise dura pela frente

Por Mary Zaidan
30 nov 2020, 10h00

O PT do ex Lula e o presidente Jair Bolsonaro perderam feio. O centro avançou, a abstenção bateu recordes. Mas, para além do óbvio, será necessário ultrapassar a fase das análises apressadas, algumas absolutamente irresponsáveis, para entender as motivações do eleitor e suas variáveis.

Alguns asseguram que a opção centrista resultou do cansaço do debate polarizado. Pode ser. Mas o raciocínio não vale para a vitória de Eduardo Paes (DEM) no Rio, tampouco para a de Bruno Covas (PSDB) em São Paulo, ambas mais explicáveis pelo descalabro da administração Crivella e pela aprovação da gestão do prefeito da capital paulista. O repúdio à rixa binária também não serve para Porto Alegre ou Recife, nas quais até existiria acirramento na disputa, não confirmado.

Diga-se, as urnas de 2020 foram cruéis com as pesquisas eleitorais, enterrando o Datafolha e o Ibope nas capitais de Pernambuco e do Rio Grande do Sul, locais em que no sábado cravaram empates, e em São Paulo, cuja margem de Covas sobre Guilherme Boulos (PSOL) foi quase o dobro da apontada pelos dois institutos.

Outra análise imediatista é imaginar que a cisão entre a esquerda, como a observada em Recife, será empecilho para composições futuras. Os impedimentos – alguns intransponíveis – já existiam, não foram desenhados pelos resultados municipais daqui ou de acolá.

De pronto, o que se vê nessa seara é a consolidação da liderança de Boulos, que ao perder ganhou mais do que se vencesse.

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Boulos usou bem a chance para desenhar uma nova persona, moderada, mais leve, esperançosa – que deu certo. Chegou a 40% dos votos no maior colégio eleitoral do país e angariou apoio nacional de artistas de peso – de Caetano Veloso e Chico Buarque a Sônia Braga. Ainda assim, terá muito espinho daqui até 2022.

Mesmo com o seu PT esmagado pelo eleitor, Lula continuará se comportando como o dono da esquerda. Não tem qualquer intenção de terceirizar o poder que imagina ter para outro qualquer, muito menos para alguém que já começou a ofuscá-lo. Boulos tem ainda outros derrotados duros de roer em qualquer composição, time capitaneado por Marília Arraes (PT) e Manuela D’Ávila (PCdoB), além do sempre candidato Ciro Gomes (PDT).

No centro, Covas venceu sem padrinhos. Na campanha, descolou-se do governador João Doria, cuja desaprovação na capital poderia ser contagiosa, embora tenha feito questão de aparecer ao lado dele nos dias de votação. Foi sempre cordial com o adversário e duro nas críticas às políticas retrógradas que Bolsonaro encarna.

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Mas o mais provável é que sua vitória se deva a um fato bem prosaico: em dois anos de mandato, conseguiu ser o segundo prefeito com melhor avaliação na capital desde a redemocratização. E seu desempenho na lida com a pandemia – mais radical do que o de Doria – parece ter sido aprovado.

Doria agora vai colar em Covas. A conferir se isso lhe dará pontos. Embora o governador paulista anseie o posto de candidato de centro em 2022, tem pela frente dificuldades imensas para alcançar a meta, especialmente depois dos inesquecíveis oportunismos do BolsoDoria, em 2018.

A única certeza que emerge das urnas de 2020 é a de que os prefeitos eleitos têm de estar prontos para o recrudescimento da crise que não dará trégua. Eleição de 2022 é só em 2022.

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Mary Zaidan é jornalista 

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