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Escândalo do INSS ameaça Lula

A crueldade da fraude coloca em risco a reeleição do presidente

Por Murillo de Aragão Atualizado em 9 Maio 2025, 10h47 - Publicado em 9 Maio 2025, 06h00

O acaso é presença constante na política. O apagão energético de 2001 e 2002 sepultou as chances de Fernando Henrique Cardoso emplacar seu sucessor. A pandemia da covid-19 colocou Jair Bolsonaro numa crise que lhe custou os votos essenciais para a reeleição. O escândalo do petrolão fragmentou parte da classe política e consolidou a polarização atual. Agora, é o escândalo das fraudes no INSS que expõe corrupção, clientelismo, corporativismo e incompetência no lado esquerdo do governo.

O tema certamente será um míssil político, capaz de prejudicar seriamente as perspectivas de reeleição do presidente Lula. No mínimo, alimentará intensamente o debate eleitoral e será explorado durante toda a campanha. A questão atinge diretamente um eleitorado crucial — pensionistas e aposentados — e provoca forte indignação entre eleitores menos engajados, chocados com a gravidade das fraudes.

Destaca-se o impacto viral do vídeo do deputado Nikolas Ferreira sobre o escândalo, com mais de 80 milhões de visualizações nas redes, ilustrando o potencial do tema para afetar significativamente a popularidade presidencial. Mexer com aposentados e pensionistas equivale a colocar a mão em um enorme vespeiro. Em um país com uma população cada vez mais envelhecida, muitos têm familiares ou conhecidos atingidos pela crueldade dessa fraude.

“Mexer com aposentados e pensionistas equivale a colocar a mão em um enorme vespeiro”

A crise do INSS, somada à demissão do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), aumentou consideravelmente o custo político da governabilidade. A bancada pedetista na Câmara dos Deputados rapidamente rompeu com o governo, fragilizando ainda mais o apoio parlamentar ao presidente Lula, já que são dezessete deputados a menos. Para evitar uma CPI ou controlá-la caso venha a ser instalada, o custo do apoio político certamente subirá. Muitos aliados pensarão duas ou três vezes antes de embarcar nessa defesa custosa.

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O anúncio recente da federação partidária entre PP, liderado por Ciro Nogueira, um bolsonarista convicto, e o União Brasil já sinalizou um possível desembarque. Em um momento sensível, com juros elevados, debates sobre reforma tributária, pressão crescente por anistia dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro e dificuldades em avançar com reformas estruturais, proteger o governo será caro e exigirá concessões significativas. É uma lembrança clara da máxima política de que “não existe almoço grátis”.

A situação causa grande incômodo para os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre. Ambos estão sendo pressionados pelas redes sociais a instalar uma CPI. Como o Brasil que decide estará viajando nesta semana por conta de missões no exterior, o governo e as lideranças do Congresso terão um tempo para respirar. Mas a fogueira do escândalo continuará a arder.

O governo corre para ressarcir as vítimas das fraudes. A iniciativa — que é politicamente correta — não eliminará o desconforto do episódio e, ainda, terá repercussões fiscais sérias em um momento em que se discute a possibilidade de colapso fiscal em 2027. Por fim, para Lula e o governo, o escândalo — que poderia ter sido evitado — veio justamente na hora em que a queda de sua popularidade apresentava discreta recuperação.

Publicado em VEJA de 9 de maio de 2025, edição nº 2943

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