Clique e Assine VEJA por R$ 9,90/mês
Imagem Blog

Murillo de Aragão

Por Murillo de Aragão Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Continua após publicidade

Até agora, tudo bem

Em política, porém, tudo pode acontecer. Até mesmo nada de mais

Por Murillo de Aragão Atualizado em 4 jun 2024, 12h27 - Publicado em 20 ago 2022, 08h00

Passamos do meio de agosto e, até agora, tudo bem. Os ventos não ultrapassaram intensidade razoável, parte expressiva da sociedade civil se manifestou a favor da democracia e os polos de atrito entre Executivo e Judiciário parecem ter acalmado as suas narrativas. Como o Brasil é imprevisível, a trégua pode durar pouco ou apenas o suficiente para chegarmos ao 7 de Setembro em bom estado institucional.

No entanto, é difícil crer que o ambiente eleitoral seguirá sem turbulências, dado o nível de polarização da disputa entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O saldo acumulado de energias políticas é negativo, e o desejo de cada um de vencer é exacerbado. Para piorar, as escolhas são negativas, baseadas na rejeição aos candidatos que lideram por ora as pesquisas eleitorais.

Basicamente, o que mais preocupa nas próximas semanas envolve as comemorações do Bicentenário da Independência, em 7 de setembro. Nesse caso, o pior cenário seria a ocorrência de algum tipo de insurreição pontual nas ruas, com violência contra instituições públicas. O melhor cenário seria tudo correr dentro de uma necessária e desejada tranquilidade.

As possibilidades, porém, estão apontando para algum tipo de cenário intermediário, com manifestações que poderão lançar mão de narrativas anti-institucionais, mas sem protestos violentos. Por que esse cenário intermediário é o cenário básico?

“A prudência indica que todos devemos trabalhar para o melhor, mas estar preparados para o indesejável”

Continua após a publicidade

Primeiro, porque tumultos prejudicariam Bolsonaro, que poderá vir a se aproveitar eleitoralmente de amplas e pacíficas manifestações a seu favor. Segundo, porque Lula e seus militantes não parecem ter o poder de mobilização para enfrentar os militantes bolsonaristas, o que, a princípio, afasta o cenário de grandes confrontos.

O terceiro aspecto é que governadores que disputam a reeleição não querem ser acusados de omissos, caso ocorram graves desordens em seus estados. Isso vale para São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, os principais colégios eleitorais do Brasil.

O quarto aspecto é que o comando do Supremo Tribunal Federal, nas mãos do ministro Luiz Fux até 12 de setembro, está atento e atuando para mediar o diálogo institucional, de forma a manter a paz entre os poderes.

O quinto aspecto é que as Forças Armadas, em sua esmagadora maioria, estão comprometidas com a constitucionalidade e o respeito às leis.

Continua após a publicidade

A combinação desses cinco vetores aponta para perspectivas moderadamente positivas. O que trabalha contra, como mencionei, é o saldo de energias negativas acumulado por embates políticos e jurídicos, narrativas agressivas e anti-institucionais e agressões verbais inadequadas ao ambiente democrático, no qual a maioria dos brasileiros deseja viver.

Em política, porém, tudo pode acontecer. Até mesmo nada de mais. A prudência indica que todos devemos trabalhar pelo melhor, mas estar preparados para o indesejável. Sobretudo devemos valorizar o que construímos em termos de avanços sociais e econômicos e enfrentar os desafios que nos atrasam.

O mundo anda estranho. Desde a pandemia de Covid-19, tivemos a guerra na Ucrânia, os surtos inflacionários, a crise dos combustíveis e a varíola dos macacos. Não queremos que o Brasil engrosse a lista global de episódios exóticos e repudiáveis. Os brasileiros devem cuidar do Brasil com responsabilidade. Principalmente os formadores de opinião e os eleitores.

Publicado em VEJA de 24 de agosto de 2022, edição nº 2803

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.