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Vale colocar os filhos na briga? Se o sobrenome for Trump…

Insinuações de incesto com Ivanka e de autismo do caçula indicam o nível da baixaria em que afundaram a política americana e a cobertura jornalística

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 15 dez 2016, 20h11 - Publicado em 15 dez 2016, 16h09

Manter as filhas dos presidentes – só meninas, desde John Kennedy – fora da fogueira política sempre foi uma regra mais ou menos respeitada pela imprensa.

Por mais que fosse difícil esconder a antipatia por George Bush, extensiva a suas filhas gêmeas, e a adoração a Barack Obama, amplamente transferida para Sacha e Malia, a maioria dos grandes órgãos seguia a regra tácita de não invadir o espaço de meninas ou adolescentes criadas na casa mais observada do mundo.

Como tudo mudou com Donald Trump, inclusive por suas próprias atitudes agressivas e desbocadas, essa tênue fronteira desapareceu. Já houve sucessivas insinuações de que ele tem pensamentos incestuosos em relação à filha mais velha, Ivanka. Também rolou recentemente uma grande onda pelas redes sociais com um vídeo que “apontava” sinais de autismo no filho caçula do presidente eleito, Barron.

O que aconteceu ontem com a jornalista Julia Ioffe, demitida do site Politico por um quase inacreditável comentário pelo Twitter, avançou algumas etapas no campo do grotesco. “Trump está transando com a filha ou se esquivando das leis sobre nepotismo. O que é pior?”, escreveu ela a respeito de uma notícia – desmentida – de que Ivanka Trump ocuparia uma área da Casa Branca destinadas às primeiras-damas. Ela não usou exatamente a palavra transando.

Depois de se defender em sucessivos comentários, a jornalista finalmente pediu desculpas por um tweet “de mau gosto e ofensivo”. Ela já ia mesmo trocar de emprego, mas o Politico, um dos mais influentes e veementes veículos anti-trumpistas, a demitiu por antecipação. Antes da eleição, o jornal Los Angeles Times cortou vínculos com um repórter freelance que desejou a morte de Trump, também pelo Twitter, esta perigosa arma de comentários precipitados.

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Julia Ioffe já se estranhou antes com a família Trump por causa de um perfil que escreveu para a revista GQ sobre Melania, a ex-modelo eslovena que se casou com o bilionário. Como boa repórter, ela foi até a Eslovênia para escavar tudo o que fosse possível.

Voltou com um dossiê magro: o pai de Melania teve um filho antes de se casar e enfrentou um processo de paternidade. E um texto respingando sarcasmo algo exagerado sobre a bela, nada recatada e do lar que “parece ter sido esculpida por algum cirurgião plástico divino a partir de uma costela para ser mulher de Trump”.

Assim que a reportagem saiu, no fim de abril, Ioffe passou a receber insultos de teor anti-semita. Ela lembrou que chegou aos Estados Unidos aos sete anos, com os pais, judeus russos, “fugindo do anti-semitismo” – um certo exagero que não altera em nada o caráter abominável dos ataques que sofreu.

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O próprio Trump tem rabo preso devido às costumeiras entrevistas que dava ao rei da baixaria do rádio, Howard Stern. Chegou a falar que se Ivanka não fosse sua filha, pensaria em sair com ela, e comentou seu corpo “voluptuoso” ao negar, contra todas as evidências, que tivesse feito plástica para aumentar os seios.

Mas como explicar o vídeo que circulou nas redes, falsamente simpático, insinuando que Barron Trump, de dez anos, “parece” ser autista? Ameaçado de processo pelos advogados que representam Melania, o autor se desculpou.

Antes, uma das maiores inimigas públicas de Trump, a comediante Rosie O’Donnel, havia divulgado o vídeo a pretexto de “chamar a atenção para a epidemia de autismo”. Também pediu desculpas. Ela e Trump já trocaram insultos no passado distante e recente. O então candidato confirmou ter chamado “só Rosie O’Donnel” de porca gorda no famoso debate em que discutiu asperamente com Megan Kelly, a apresentadora da Fox News.

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A influência e a presença constante dos três filhos mais velhos de Trump criam uma situação sem precedentes. Eles são adultos e, ao exercerem um papel politico, se tornam sujeitos às mesmas críticas de todos os agentes públicos.

Devido à absoluta inconveniência da participação de familiares em decisões de governo e ao ambiente de guerra declarada pela maioria da imprensa contra Trump, a passagem da apuração rigorosa para a baixaria, nem que seja via Twitter, só tende a aumentar.

A maioria dos últimos presidentes americanos tinha filhos menores ao entrar na Casa Banca. Amy Carter e Chelsea Clinton, tímidas e fora dos padrões estéticos criados pela família Kennedy, tiveram uma adolescência bastante protegida. Como Jenna e Barbara Bush, as filhas gêmeas de George W, já estavam com 19 anos quando foram flagradas bebendo antes da idade permitida, o caso foi bem divulgado. Comparativamente, a foto de Malia Obama fumando um cigarro artesanal circulou bem menos – excluindo-se, claro, as redes sociais.

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Ah, as redes sociais. Com um futuro presidente que não sai do Twitter e inimigos juramentados acometidos de incontinência verbal maior ainda, um abominável mundo novo se descortina.

 

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