Relâmpago: Digital Completo a partir R$ 5,99
Imagem Blog

Mundialista

Por Vilma Gryzinski Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Trump pode ter culpa no cartório, mas FBI tem histórico de perseguições

A busca realizada no palacete do ex-presidente, à procura de documentos oficiais, aconteceu contra o pano de fundo de abusos gritantes

Por Vilma Gryzinski 11 ago 2022, 07h51

É duro admitir que o mitológico FBI, a polícia federal americana, objeto de tantos filmes e séries que o consagraram como uma instituição acima de qualquer suspeita na busca da verdade e da justiça, tem hoje a reputação chamuscada.

Por causa desse histórico recente de atitudes abusivas em relação a Donald Trump, é legítimo levantar dúvidas sobre a busca feita em Mar-a-Lago, o idílico palacete à beira mar que é uma mistura de clube e casa, onde o ex-presidente fixou residência depois de deixar a Casa Branca.

Do ponto de vista legal, foi tudo correto: os policiais tinham um mandado judicial e estavam agindo profissionalmente quando vasculharam ao longo de nove horas a ala residencial da mansão de 128 aposentos, incluindo o closet de Melania Trump – imaginem o tamanho – e o porão onde estavam guardadas as dezenas de caixas, agora confiscadas, que propiciaram a busca.

Através de seus inúmeros contatos na imprensa, o FBI espalhou que a operação está relacionada a uma iniciativa dos Arquivos Nacionais, que buscam cartas, presentes e documentos que deveriam ser destinados a eles, não guardados privadamente por Trump. Os agentes levaram também mapas, slides para palestras, o menu de uma festa de aniversário e até um guardanapo do tipo usado em coquetéis.

Mas a documentação que justificou o mandado está sob sigilo, inacessível inclusive aos advogados de Trump.

Anteriormente, Trump havia cooperado com agentes do FBI que investigavam o diferendo a respeito dos documentos presidenciais, convidando-os a verificá-los pessoalmente em Mar-a-Lago.

Continua após a publicidade

É claro que, depois da busca e apreensão, Trump subiu nas tamancas, figuras importantes do Partido Republicano condenaram a operação, trumpistas de raiz se congregaram em frente o palacete clamando por resistência armada e advogados simpáticos à causa argumentaram que os documentos poderiam ter sido obtidos de “maneira menos invasiva”.

“O desrespeito pelas normas tradicionais e a falta de preocupação pela aparência de propriedade indicam que até o verniz de independência e objetividade foi abandonado”, bufou Mark Ruskin, ex-FBI e ex-procurador de justiça.

Apesar do óbvio partidarismo, os críticos têm razão num ponto vital: o FBI abandonou completamente a imparcialidade exigida aos agentes da lei em várias oportunidades. A de maior repercussão foi a investigação sobre a jamais comprovada conexão Rússia. O FBI usou um dossiê falso, feito por um colaborador pago, para justificar a investigação. Inúmeros e-mails de agentes de cargos superiores indicaram que havia um propósito político declarado de “acabar” com Trump.

O caso mais notório foi o de Peter Strzok, agora um ex-agente, que trocava mensagens com uma advogada do alto escalão, Lisa Page, com quem tinha um caso extraconjugal, na base do “ele não”.

Continua após a publicidade

O rigor demonstrado com Trump se contrapõe à lassidão em relação a Hillary Clinton. Milhares de emails trocados quando ela era secretária de Estado foram literalmente eliminados, incluindo 100 de conteúdo sigiloso, 65 marcados como “secretos” e 22 como “altamente secretos”.

Infamemente, ela mandou instalar um servidor num banheiro de sua casa em Chappaqua, no estado de Nova York, usando-o para mensagens oficiais que teriam obrigatoriamente que passar pelo sistema oficial de comunicações.

Discos rígidos e celulares foram literalmente destruídos a marteladas.

Detalhe interessante: foi um escritório de advocacia contratado para assessorar o comitê eleitoral de Hillary, que contratou o dossiê contra Trump.

Continua após a publicidade

Sobre os e-mails eliminados, o FBI concluiu que tinha havido extrema negligência, mas o caso estava encerrado.

O episódio dos documentos presidenciais é separado da investigação sobre práticas comerciais suspeitas feita pela promotoria do estado de Nova York. Ontem, Trump foi convocado a prestar depoimento e não respondeu às perguntas, alegando o direito de não produzir provas contra si mesmo. É possível que a comissão parlamentar de inquérito sobre a invasão do Congresso acabe levando o Departamento de Justiça a abrir uma terceira frente judicial contra Trump, entre outros casos menores.

Como o ex-presidente tem um estilo reconhecidamente tumultuado, nem sempre é fácil distinguir investigações imparciais de ânimo revanchista.

A hipótese bastante concreta de que ele seja o candidato republicano à eleição presidencial de 2024 torna torna todas as ações jurídicas simplesmente incandescentes.

Continua após a publicidade

O fato de que o FBI tenha se conduzido de maneira comprovadamente comprometida em ocasiões anteriores não significa que Trump não tenha algum ilícito a esconder.

Mesmo que isso viesse a ser exposto, os trumpistas jamais deixariam de acreditar que tudo não passa de uma jogada para tirá-lo da corrida presidencial no tapetão.

Se a eleição fosse hoje, Trump ganharia por 45% contra 41% para Joe Biden. É o cenário perfeito para incendiar todas as ações na justiça que envolvem o ex-presidente.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.