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Trump erra quando faz e erra quando não faz: o julgamento da imprensa

Nunca existiu um clima de hostilidade tão acirrado - e tampouco um presidente eleito tão complicado quanto ele

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 5 dez 2016, 11h19 - Publicado em 23 nov 2016, 10h53
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Brechas para um impeachment devido aos interesses comerciais do império Trump: é nisso que oposicionistas já falam

Donald Trump jamais será eleito presidente, foi o mantra da maioria absoluta da imprensa americana.

Diante dos fatos, o foco foi mudado. Agora, em várias circunstâncias, parece ser uma versão do “se eleito, não assume; se assumir, não conseguirá governar; se governar, sofrerá impeachment”.

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Não que faltem encrencas a Trump. Uma das maiores é o que acontecerá com as empresas dele. Como Trump ganha dinheiro basicamente com seu nome, associando-o a hotéis, condomínios, clubes e outros empreendimentos imobiliários de luxo, suas mais de 100 empresas atuam em 18 países.

Como dissociá-lo desse império para evitar conflitos de interesse? Vender tudo, o que seria a opção mais ortodoxa, seria impossível nos menos de dois meses que faltam até a posse, além de implicar em perdas enormes.

Passar para os filhos não resolve o problema da marca Trump. Quantos interesses poderosos não gostariam de beneficiá-los, sabendo muito bem qual boca estariam adoçando?

O clássico “fundo cego”, formado por administradores independentes que se comprometem a obter os melhores resultados possíveis em troca do compromisso do dono de não saber onde seu patrimônio está investido, parece a saída mais razoável.  Mas permanece o problema da marca – e também o dos três filhos mais velhos, criados para assumir os negócios do pai.

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Três suspeitas de conflito de interesses já afloraram desde a eleição. Trump recebeu a visita de um grupo de empresários indianos que foram a Nova York para congratulá-lo – e, antes de viajar, disseram que queriam aumentar os negócios com o grupo Trump.

Na Argentina, o impagável Jorge Lanata disse em seu programa de televisão que, em conversa com Mauricio Macri, o presidente eleito mencionou “meio de brincadeira, meio a sério”, o projeto de um prédio em Buenos Aires que está parado. As duas partes, obrigatoriamente, desmentiram.

O presidente argentino conhece Trump desde que passou um período nos Estados Unidos, mandado pelo pai, o maior industrial do país, para discutir um projeto comum, que nunca saiu do papel. Jogavam golfe juntos.

A terceira “intervenção” indevida foi mais séria e confirmada. Trump pediu ao político inglês de quem é mais próximo, Nigel Farage, o comandante do Brexit, que interfira a seu favor na campanha que trava contra a instalação de turbinas de vento que estragam a vista da paisagem maravilhosamente rústica de seu campo de golfe na Escócia.

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Adicionalmente, numa gafe diplomática  desastrosa, disse pelo Twitter que Farage daria um excepcional embaixador britânico em Washington. É claro que o governo da primeira-ministra Theresa May respondeu que a vaga está ocupada.

O recebimento de favores de governos estrangeiros é a brecha mais evidente para um processo de impeachment contra o futuro presidente Trump – uma hipótese que políticos da oposição democrata e órgãos de imprensa já estão levantando.

O escrutínio de Trump pela imprensa é bom e necessário – e pode ajudar o próprio presidente eleito, que nunca teve um cargo público na vida, a entender as exigências éticas que acompanham aquele lugar importante na Casa Branca.

Mas é claro que o ódio a Trump infunde uma estridência sem precedentes e, às vezes, até sem lógica à cobertura jornalística.

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Um exemplo: praticamente todos os analisas políticos dizem que a única esperança de salvar um governo Trump do desastre seria se não fizesse a maioria das coisas que prometeu. Quando ele faz exatamente isso, as manchetes são na linha “Trump volta atrás” ou “trai seus eleitores”. Poucos duvidam que, se o envolvido fosse o adorado Barack Obama, seriam sinais de que é um estadista conciliador e pragmático.

Ou seja, Trump erra quando faz e erra quando não faz. O “não faz” de maior repercussão, até agora, foi sua declaração de que “não está interessado” em pedir um promotor especial para investigar os desvios éticos de Hillary Clinton. Traidor ou conciliador pragmático?

Sobre o caso dos 11 milhões de imigrantes clandestinos, disse que se concentraria nos “dois milhões” que são “criminosos, membros de quadrilhas, traficantes de drogas”. Traidor ou conciliador pragmático?

A lista continua, principalmente depois da visita que fez ao New York Times – cancelada, remarcada, realizada, bem ao estilo tumultuado de Trump.

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Nessa visita, a declaração mais importante de Trump foi quando se desvinculou inequivocamente e condenou os defensores da supremacia branca, uma minoria extremista que está pondo as manguinhas de fora com a eleição dele.

Um editor do site Politico, que está fazendo uma cobertura simultaneamente agressiva, partidarista e excelente dos primeiros dias do presidente eleito, teve que pedir demissão depois de publicar o endereço do líder de um desses grupos supremacistas e sugerir que fosse tratado na base do taco de beisebol.

É uma pequena amostra do clima vigente nos Estados Unidos. O governo de Trump, “se tomar posse”, vai enfrentar hostilidades jamais vistas desde a Guerra Civil americana.

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