Dia das Mães: Assine por apenas 5,99/mês
Imagem Blog

Mundialista

Por Vilma Gryzinski Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Três camadas de mísseis protegem Israel, mas não são invulneráveis

O país consegue sobreviver relativamente intacto porque tem múltiplos sistemas antiaéreos, colocados à prova por ataques do Hezbollah e do irã

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 9 out 2024, 06h22 - Publicado em 9 out 2024, 06h20

Imaginem qual a gravidade da situação no Oriente Médio, já altamente perigosa, se a ação conjunta de Hamas, Hezbollah e Irã tivesse provocado várias dezenas de milhares de mortos com seus múltiplos ataques de foguetes e mísseis.

“Estamos lançando centenas de foguetes e dezenas de drones”, jactou-se ontem o chefe interino do Hezbollah, Naim Kassem, celebrando o ataque que “mudou a face do Oriente Médio” e a própria entrada da organização terrorista numa guerra com a qual o Líbano não tinha nada a ver, em 8 de outubro passado, além da sobrevivência dos combatentes e das baterias aéreas da organização terrorista.

Kassem está numa posição de alta precariedade, considerando-se que o número 1 do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e seu sucessor designado – “E o substituto do substituto”, nas palavras do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu – já foram mortos em bombardeios que penetram nos mais profundos esconderijos debaixo da terra. Sua “abertura” a um cessar-fogo, sem condicioná-lo a Gaza, como é habitual, indicou os pontos fracos.

Mas o fato é que o Hezbollah, mesmo atingido pela tática israelense de decapitar a cadeia de comando, conseguiu fazer uma demonstração de sobrevivência e alguns foguetes furaram a invisível barreira de proteção que salva Israel da destruição pretendida por seus inimigos.

JOGO DO INIMIGO

Também é fato que alguns mísseis iranianos disparados na terça-feira da semana passada atingiram a base aérea de Nevatim, embora sem afetar os aviões de guerra lá baseados. A conclusão foi tirada por analisas estrangeiros com base em fotos de satélites e minimizada pelas autoridades israelenses – na guerra, dizer onde o inimigo furou as camadas de defesa é fazer o seu jogo.

O ataque do Irã, embora muito longe de envolver 90% de acerto, como afirmou o regime dos aiatolás, em sua realidade paralela, teve 20% dos mísseis não interceptados. Do total dos duzentos mísseis disparados que explodiram nos céus, 20% foram interceptados pelos Estados Unidos antes de entrar em espaço aéreo israelense, com participação de forças britânicas e jordanianas.

Continua após a publicidade

A avaliação do que aconteceu indica que o regime iraniano aprendeu com o primeiro ataque, no dia 13 de abril. Deixou de lado os drones, que havia utilizado em massa no ataque inicial, porque são detectados com grande antecedência e são fáceis de derrubar. Um dos modelos de míssil disparado na semana passada é chamado de Fattah, com capacidade de voar a cinco vezes a velocidade do som. Quanto maior a velocidade, mais difícil a interceptação.

Como Israel faz para escapar, até hoje, com danos bastante pequenos, mesmo que as pessoas tenham que correr para abrigos antiaéreos quando soam os alarmes e vivam sob alta tensão?

SANGUE FRIO

São três as camadas de defesas antiaéreas que protegem o país, cujas dimensões reduzidas tanto o tornam altamente exposto a ataques – tem, por exemplo, apenas nove estações geradoras de eletricidade, o que faz cada uma ter importância vital – como facilitam a barreira invisível.

A primeira e mais conhecida dessas camadas é a Cúpula de Ferro, bateria móvel que derruba mísseis de curto alcance, de até 70 quilômetros de alcance e 10 quilômetros de altitude. São os foguetes mais comuns, do tipo usado pelo Hamas, muitas vezes feitos com tubulações que deveriam prover água aos habitantes de Gaza e fertilizantes turbinados.

Continua após a publicidade

Cada foguete disparado é detectado por radares. O sistema de controle calcula sua trajetória e os operadores – humanos – têm que resolver se acionam os mísseis interceptadores ou deixam que os artefatos mal direcionados explodam em locais não habitados. Cada interceptador custa 50 mil dólares e a ideia é otimizar seu uso, demandando extremo controle situacional, também chamado de sangue frio, dos operadores.

O sistema foi projetado pela Rafael Advanced Defense Systems e pelas Indústrias Aeroespaciais de Israel, com colaboração e muito dinheiro dos Estados Unidos. Muitos países sonham em ter uma proteção similar, com um índice de acerto calculado em 90%. Imaginem o que é sofrer um ataque de 180 foguetes, como o de ontem do Hezbollah, e não ter nenhuma vítima fatal.

VIDEOGAME LETAL

Para mísseis de alcance maior, o sistema de reação é chamado de Funda de Davi – ou Varinha Mágica para israelenses. Tem capacidade para atingir mísseis balísticos de curto, médio e longo alcance, além de aviões, drones e mísseis de cruzeiro, que alteram sua trajetória. Custa um milhão de dólares cada vez que é disparado.

O terceiro sistema de proteção, o Arrow (Flecha), não é percebido em terra, como os que oferecem o letal videogame visto várias vezes nos céus de Israel. Intercepta mísseis a 50 quilômetros acima da superfície, na camada superior ou alta da atmosfera. Os atacantes começam a entrar em seu alcance a 2,4 mil quilômetros de distância. Custa três milhões de dólares por míssil.

Continua após a publicidade

A ideia dos inimigos é, obviamente, saturar as defesas, disparar tantos artefatos que a tríplice proteção acabe não dando conta.

A grande questão que mesmeriza o mundo no momento é como vai ser a reação de Israel ao último ataque iraniano. Internamente, existe grande pressão por uma retaliação de largo alcance, abrangendo instalações petrolíferas e até nucleares.

“Netanyahu entraria para a história como defensor de Israel e do Ocidente”, insuflou o parlamentar Mose Saada, do Likud, mesmo partido do primeiro-ministro.

Ao mesmo tempo, os Estados Unidos fazem pressão por uma resposta moderada – em troca, ofereceram a Israel até um pacote de benefícios diplomáticos e em armamentos. Joe Biden vai falar hoje por telefone com Bibi, depois de semanas de comunicações mantidas em níveis mais baixos devido ao péssimo relacionamento entre os dois. Segundo o New York Times, a hipótese do ataque a alvos nucleares está suspensa.

Continua após a publicidade

ONDAS DE BOMBARDEIOS

O Irã espalhou as instalações nucleares em mais de uma dezenas de pontos, escavados debaixo de montanhas, justamente prevendo que um dia poderiam ser atacadas por Israel, o país que o regime fundamentalista diz que pretende varrer da face da Terra.

Só sucessivas ondas de bombardeios de alto poder explosivo, feitos com aviões, poderiam atingi-las. Seria uma operação de alta complexidade, exigindo reabastecimento em voo devido à distância de quase dois mil quilômetros de Israel até os alvos.

O Irã reagiria em grande escala e as três camadas de proteção antiaérea poderiam, a certa altura, ser furadas, com consequências gravíssimas.

Mesmo em todas as guerras anteriores de países árabes contra Israel nunca existiu uma situação de extremo perigo como a que o país enfrenta agora. E nunca a tríplice proteção, produto de alta tecnologia, engenhosidade e, claro, muito dinheiro, foi tão necessária.

Continua após a publicidade

Não existe dinheiro que pague salvar vidas de sua própria população e também prover uma garantia que funcionou bem até agora, permitindo em si mesma, pela ausência de grande número de vítimas, conflagrações controladas. A tríplice proteção bancou conflitos que não se alastram vertiginosamente.

Ressalve-se o até agora.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.