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Procuram-se crianças: crise populacional aumenta mais ainda no Japão

Queda acelerada nos nascimentos vai antecipando o encolhimento da população, um fenômeno que também é projetado no Brasil

Por Vilma Gryzinski 6 jun 2025, 06h40

Dá para imaginar um futuro em que entre os países populacionalmente dominantes estejam, Paquistão (511 milhões), Nigéria (477) e Congo (431), os chineses estejam reduzidos em 40% e o Japão vá dos 124 milhões atuais para 77 milhões? São projeções feitas para o ano 2100, quando o Brasil também cairá dos atuais 213 milhões para 163 milhões.

O encolhimento populacional de países ricos e médios é um fenômeno acelerado no Japão e ganhou um número adicional essa semana: os 686 061 nascimentos registrados em 2024 marcaram a primeira vez em que houve menos de 700 mil japonesinhos desde que estes dados começaram a ser coletados, em 1899.

A queda em relação a 2023 foi de 5,7%, um assombro ou uma “emergência silenciosa”, nas palavras do primeiro-ministro Shigeru Ishiba. É um fenômeno comparável apenas à da Coreia do Sul, que tem a menor taxa de natalidade do mundo, com 0,72 filhos por mulher. No Japão, é de 1,15.

Os dois países, embora tão diferentes, têm pontos em comum, incluindo uma população feminina jovem com altos níveis de instrução que não quer ficar restrita às tarefas domésticas, mas enfrenta fortes resistências culturais para acumular maternidade e trabalho fora de casa.

EXPECTATIVA DE VIDA

Adicionalmente, o Japão foi pioneiro no que viria ser um fenômeno chamado de “meninos do
porão”, ou inceis – os solteiros involuntários. No Japão, ganharam o nome hikikomori, os confinados, jovens que, por uma multiplicidade de razões, incluindo o medo do fracasso social, não saem de casa. Já foi feita até uma experiência com um Ministério da Solidão e do Isolamento.

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A contrapartida de uma sociedade que dá ordem, organização e alto nível de desenvolvimento é pesada e o preço pode ser a insustentabilidade das garantias sociais. Como manter aposentadorias e serviço de saúde quando 40% da população tiver acima de 65 anos, como indicam as projeções para 2070?

Hoje, o país tem a maior expectativa de vida do mundo (81 anos para os homens, 87 para as mulheres), produto da dieta comedida e da prevenção, mas uma população idosa tem que ter os mais jovens pagando contribuições sociais para manter o padrão de vida ou trabalhar por mais tempo – a desenvolvida Dinamarca, por exemplo, está implantando a aposentadoria aos 70 anos.

Culturalmente, o Japão também não é aberto a emigrantes que poderiam assumir os postos de trabalho ameaçados pela desaceleração populacional. Os Estados Unidos, por exemplo, são um dos raros casos de países ricos que vão ter aumento de população, indo dos 345 milhões atuais para 381 milhões em 2050 e 421 milhões em 2100.

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AMEAÇA À CIVILIZAÇÃO

Populações de diferentes países e culturas têm um fenômeno em comum: quando as mulheres conseguem condições de escolher, por níveis mais altos de instrução ou melhor acesso à contracepção, optam por famílias menores.

Há pouco que governos preocupados com a queda na natalidade consigam fazer para reverter isso.

Existem pequenos grupos natalistas em países como Estados Unidos e a França, formados por casais convencidos de que precisam ter o maior número possível de filhos para salvar a civilização, numa reação oposta ao catastrofismo das previsões de explosão populacional, hoje desmentidas. O mais conhecido caso é o de Elon Musk, com seus catorze filhos e a convicção de que o maior perigo para a humanidade é a falência em manter as taxas de natalidade.

Mas não existe nenhum Musk japonês e o país, com tantas coisas maravilhosas a ser preservadas, vai se tornando um laboratório avançado do encolhimento populacional e suas consequências. Até a monarquia ficou sob o impacto dessa falta de bebês: o atual imperador, Naruhito, teve apenas uma filha, e a linha dinástica, que exclui totalmente mulheres, passou para seu irmão, Hisahito. Com muito esforço, ele conseguiu ter um filho para eventualmente ascender ao Trono do Crisântemo. Faltam bebês até na realeza.

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