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Portugueses querem mudança: a impressionante ascensão do Chega

André Ventura, que tem evidente pendores bolsonaristas, consegue tornar seu partido a segunda força política no país e vai liderar oposição

Por Vilma Gryzinski 30 Maio 2025, 06h52

Fundado apenas em 2019, o Chega era tratado como piada pelas elites políticas portuguesas, um partido sem bases, sem história, sem lugar num país tradicionalmente governado pelos socialistas ou social-democratas. Quem está dando risada agora é André Ventura, jurista e ex-comentarista esportivo de apenas 42 anos.

Em virtude dos votos nas comunidades portuguesas no exterior, incluindo o Brasil, o Chega conseguiu superar a pequena diferença que tinha com o Partido Socialista e se tornou o segundo com o maior número de deputados – 60 – no parlamento português.

É uma mudança nada menos que histórica, de deixar a esquerda chorando no tapete e não apenas em Portugal. Ventura, que tem laços próximos com Jair Bolsonaro, usou palavras que refletem sua ambição – e ela não é pouca. “A partir de agora, nada será como antes. Porque o sistema político fez ele próprio uma transformação. Sem exageros, sem euforias”, comemorou.

Evidentemente, foi impossível controlar o tom eufórico, apesar da contenção deliberada: “Quero mudar a vida dos portugueses. Quero mudar a alma deste país”.

‘SUBSÍDIO-DEPENDÊNCIA’

É uma ambição incompatível com a realidade, mas explicável pela ascensão sem precedentes na história moderna de Portugal e também, por mais que o tema incomode os bem pensantes, um reflexo da reação ao grande número de imigrantes – hoje, não mais os brasileiros ou os provenientes das ex-colônias africanas, mas sobretudo indianos e paquistaneses.

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Ventura atribuiu seus votos entre a população imigrante portuguesa – dividida entre Europa e fora da Europa – a uma contradição difícil de explicar: foram buscar condições melhores em países mais ricos, mas “sabem o que é socialismo, o que é social-democracia, o que é subsídio-dependência, o que é emigração descontrolada, o que são os desafios que estamos a enfrentar agora”.

Como será o articulado e agressivo André Ventura no comando da oposição, no qual prometeu ter “responsabilidade”, mas de forma diferente?

O estilo ofensivo do líder do Chega dificilmente vai mudar: é graças a ele que foi do zero ao segundo partido mais votado. O primeiro-ministro continuará a ser Luís Montenegro, da Aliança Democrática, da centro-direita tradicional. Embora a aliança tenha sido o partido mais votado, tem apenas 91 deputados, pouco mais de 30%. Tem que buscar aliados em partidos pequenos, já que nem cogita numa frente com o Chega.

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PARTIDO SEM HISTÓRIA

Ou seja, estará sempre em posição desconfortável, com um líder não exatamente empolgante, ainda não totalmente livre da imagem de tráfico de influência que o envolveu recentemente. E com todas as atenções concentradas em André Ventura.

Devido à fragmentação das forças políticas em três blocos principais – centro-esquerda, centro-direita e direita populista –, não se divisa uma situação em que o Chega pudesse se tornar o partido do governo. Mas há seis anos, ninguém imaginava que um partido sem história, criado do nada, se tornasse o segundo maior de Portugal.

O fenômeno tem pontos em comum com o Reforma, de Nigel Farage, na Grã-Bretanha, também em ascensão movida à rejeição pela imigração em grandes proporções. É um fenômeno forte na Europa e nos Estados Unidos – e não adianta dizer que é coisa da extrema direita, de saudades da ditadura ou outras formas de ignorar o problema.

Ele está aí e só não vê quem não quer.

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