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Por que Richard Nixon nunca foi preso

Presidente americano renunciou e, em troca, recebeu perdão preventivo

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 5 dez 2016, 11h20 - Publicado em 4 mar 2016, 14h01
A frase de Nixon que entrou para a história da infâmia: “Não sou bandido

A frase de Nixon que entrou para a história da infâmia: “Não sou bandido”

O caso Watergate fez uma limpa entre altos funcionários do governo e da administração pública envolvidos em crimes para favorecer o presidente Richard Nixon, entre outras patranhas. Mas o próprio Nixon, que renunciou em 5 de agosto de 1974, à véspera de ter seu impeachment aprovado no Congresso, nunca foi processado na justiça comum.

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O vice reeleito com Nixon, Spiro Agnew, já havia rodado um ano antes, por extorsão, evasão fiscal, propina e formação de quadrilha. Como os americanos são um povo atrasado, o total de granola no bolso de Agnew foi de 100 mil dólares, muito mais em valores de hoje, mas mesmo assim, uma bobagem pelos padrões vigentes ao sul do Rio Grande.

Para o lugar de Agnew, Nixon nomeou  Gerald Ford, então líder da minoria do Partido Republicano na Câmara. Com a renúncia, Ford, cujo nome verdadeiro era um nada promissor Leslie Lynch King Jr., assumiu a Presidência. Um mês depois, assinou o perdão de Nixon, dizendo que a família do ex-presidente vivia “uma tragédia na qual todos nós tivemos uma parte”.

Nós quem, cara pálida, perguntaram adversários democratas, inconformados com a impunidade. Muitos acusaram Ford de fazer um acordo espúrio: combinar com Alexander Haig, que ocupava posto equivalente ao de ministro da Casa Civil, que Nixon renunciaria em troca da promessa de perdão.

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Segundo Bob Woodward, um dos jornalistas do Washington Post que haviam trazido à tona detalhes cruciais do caso Watergate, Haig realmente fez a proposta, mas Ford não se comprometeu. Depois, assinou o decreto em nome da amizade que tinha por Nixon. Durante muito tempo, circulou que Haig era o verdadeiro Garganta Profunda, a fonte que passava informações valiosas para Woodward e Carl Bernstein durante as investigações que levaram à queda de Nixon.

Em 2005, veio a revelação confirmada: a fonte era Mark Felt,  vice-diretor do FBI, a polícia federal americana, motivado por desejo de vingança por não ter atingido o posto máximo ou sentimento de dever moral – depende de quem interpreta. Nixon sabia que Felt era o informante do Post.

Um resumo rápido para reativar a memória sobre os fatos básicos do escândalo. Em junho de1972, cinco sujeitos esquisitos foram presos pela policia, arrombando um conjunto no edifício Watergate (que não existe mais). Era a sede do Partido Democrata e os invasores levavam equipamentos para fazer grampos.  O FBI entrou na investigação. Logo descobriu que os detidos eram financiados por um comitê pela reeleição de Nixon. De revelação em revelação, Nixon, mesmo reeleito em 1972, foi ficando cada vez mais enrolado numa teia de mentiras e tramas ilegais para combater os adversários.

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O caso chegou ao auge quando se descobriu que as as fitas com gravações de conversas mantidas no gabinete presidencial, entregues por intimação do promotor especial nomeado para a investigação, tinham trechos apagados. Chamada a depor pelo júri especial, a  fiel secretária de Nixon, Rose Mary Woods, fez mais contorções, que a versão ilustrada do Kamasutra, para sustentar a versão de que havia apagado as fitas sem querem, ao fazer a transcrição.  A Casa Branca finalmente entregou a gravação em que Nixon assessores conspiravam para acobertar o escândalo. Era a fita do “revólver fumegante”, a prova final.

No auge da crise, Nixon se declarou, desastrosamente, a viva alma mais honesta dos Estados Unidos. “O povo tem que saber quem seu presidente não é bandido. Eu não sou bandido”, disse, num discurso que se tornou infame. Um ano e três meses depois, saia de hélicoptero, desonrado, da Casa Branca.

Ao todo, foram processados 69 integrantes do governo, dos quais 49 acabaram condenados, incluindo dois ex-ministros da Justiça, além dos “sete de Watergate”, os cinco presos no prédio e os dois de apoio. O sufixo gate  virou sinônimo de escândalo, inclusive no Brasil, antes que novos e estarrecedores fatos o substituíssem pelo aumentativo ão. Nesse quesito, os americanos ficaram comendo poeira.

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