Pesquisa favorável: o que os americanos estão achando de Trump
Resultados mostram uma opinião pública que quer resultados na economia e tem visão realista de conflitos na Ucrânia e Gaza

Uma aprovação de 52% é bastante razoável para um político cheio de arestas como Donald Trump, tal como aparece numa extensa pesquisa Harvard CAPS/Harris. As primeiras semanas do novo governo foram tão agitadas que é bom ver como a opinião pública parece manter a cabeça fria, conforme mostram os resultados sobre a Ucrânia: 72% apoiam uma saída negociada, mas 57% são contra forçar a Ucrânia a fazer concessões territoriais e 66% acham que o país precisa ter garantias de segurança.
O altamente controvertido acordo pelo qual a Ucrânia cede uma parte do controle sobre minerais estratégicos, que parece tanto uma reedição do imperialismo à moda antiga e foi confirmado ontem? Pois 61% acham que as garantias de segurança deveriam ser associadas a ele – afinal, o dinheiro é dos americanos. O acordo é uma grande vitória pra Trump.
O ceticismo sobre a Rússia de Vladimir Putin é bem enraizado na opinião pública 63% acham que o atual czar vai avançar sobre outros países se consolidar a posse de territórios ucranianos.
Outro conflito que mostra uma opinião pública com bom senso é o de Gaza. A proposta estrambótica de Trump de “assumir” o território é considerada uma má ideia por 70% dos pesquisados – embora 53% acreditem que é apenas uma técnica de negociação de começar com sugestões nas alturas, para depois ir se adaptando à realidade.O vídeo gerado por inteligência artificial, com cenas de uma Gaza futurista e turística (incluindo uma estátua dourada de Trump) não deve mudar muito as opiniões.
Até agora, 54% aprovam a maneira como Trump está lidando com a questão do Oriente Médio. E o apoio a Israel continua vastamente majoritário: 77%.
NATUREZA INSTÁVEL
Os americanos, segundo a tendência retratada pela pesquisa, também apoiam com uma enorme maioria de 76% a destruição do arsenal nuclear secreto do Irã – um assunto que voltou a ser cogitado. E 57% acham que os Estados Unidos deveriam ajudar Israel nisso. Qualquer operação desse tipo envolveria enormes riscos, mas a opinião pública parece achar que vale a pena corrê-los.
Sobre economia, o assunto que mais interessa a todos, 67% consideram que a dívida americana é insustentável e 83% acham, nada surpreendentemente, que é melhor reduzir despesas do governo do que aumentar impostos. Só sádicos de órgãos do governo e seus minions gostam de impostos altos.
De forma geral, o esforço para cortar desperdício, fraude e ineficiência conduzido pelo departamento criado especialmente para Elon Musk fazer isso, tem o apoio de 60%, um número importante considerando-se a agressividade com que a missão está sendo conduzida, sem falar nas reações extremas que o homem mais rico do mundo provoca e a natureza instável de seu relacionamento com Trump.
De forma geral, as iniciativas de Trump são aprovadas, principalmente em relação à explosiva questão da imigração: 81% aprovam a deportação de ilegais que cometeram crimes e 76% o fechamento da fronteira com o México, mostrando que a oposição democrata precisa repensar suas posições a respeito para não sofrer mais nas urnas. A aprovação ao Partido Democrata é catastrófica – 33% -, mesmo considerando-se a natureza cambiante da política.
A VOZ DO POVO
Os números dessa pesquisa, endossada pelo Centro de Estudos Políticos Americanos, de Harvard, são um pouco mais favoráveis a Trump do que a média das pesquisas do RealClear, que dá 49,4% de aprovação contra 47,5% de desaprovação. A pesquisa mais negativa para o presidente é da CNN, com 46% de aprovação contra 54%.
A questão que mais interessa a todo mundo, que é o poder de compra, não pode ser resolvida em prazo tão curto – Trump tem apenas cinco semanas de governo, embora tantos achem que parece mais. Mas 31% dos pesquisados disseram que sua situação financeira está melhorando.
Trump deve ter gostado da pesquisa. Seria bom se ele também notasse como os cidadãos americanos, embora tão amplamente favoráveis a um acordo de paz, desconfiam da Rússia e de Putin.
A opinião pública mostra isso claramente. Com seu comportamento de extrema volatilidade e capaz de absurdos estapafúrdios, como chamar Volodymyr Zelensky de ditador e dizer que ele provocou a guerra, seria bom para Trump ouvir a voz do povo.