Parece carma: Putin, que esconde família, tem genro chamado Zelenski
Segundo o site independente Meduza, o ex-bailarino e diretor artístico de grandes instituições é o companheiro de Katerina, filha mais nova do presidente

A vida familiar de Vladimir Putin é trancada a sete chaves, como convém a um ex-agente da KGB e líder autocrático “casado com a nação”.
É ou foi casado também, segundo vários indícios, com a ex-ginasta Alina Karbaeva, com quem tem dois, três ou quatro filhos.
As únicas assumidas são as filhas do primeiro casamento, Maria e Katerina, que preferem não usar o sobrenome do pai e aparecem pouco em público.
Apesar de todo o sigilo que cerca a família Putin, o site Meduza – com base na Estônia, por impossibilidade de manter a independência na Rússia – fez uma reportagem sobre o relacionamento de anos entre Katerina Tikhonova e Igor Zelenski, que foi um bailarino de primeiríssimo time (Mariinsky, o ex-Kirov).
Zelenski surgiu no noticiário político no começo da invasão da Ucrânia, quando deixou a direção do Balé da Baviera por “razões familiares”, mas sob a impressão geral de que havia sido dispensado por se recusar a criticar a guerra não provocada. Segundo o Meduza, ele pode assumir a direção de um novo balé a ser criado na Crimeia, o tipo de provocação que Putin e asseclas adoram fazer. Ou pelo menos adoravam, quando as coisas eram menos complicadas.
Além de ter o mesmo sobrenome que o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, o genro de Putin tem uma certa semelhança com o sogro quando era mais jovem.
Parecidas mesmo são as duas filhas. Katerina, ou Katia, é praticamente uma reprodução feminina do pai. Formada em estudos orientais, com especialidade em Japão, ela também tem carreira científica e dirige dois institutos ligados à Universidade de Moscou, um sobre inovação tecnológica e outros de matemática avançada.
O interesse pela dança pode ter aproximado Katia e Igor, embora a modalidade praticada por ela como amadora – rock atlético – tenha pouco a ver com as sublimes piruetas do balé clássico.
Os dois têm uma filha, nascida em 2007.
Katerina, que nasceu em Dresden, onde o pai era um agente de médio escalão da KGB antes do desmoronamento do comunismo, foi casada antes com Kirill Shamalov, filho de um banqueiro do círculo de Putin. Ele perdeu um bilhão de dólares quando se divorciou, para se casar com uma beldade ao estilo russo (divorciaram-se e hoje disputam uma filha nascida por barriga de aluguel), mas continuou a viver na órbita do ex-sogro.
A outra filha reconhecida de Putin, Maria Vorontsova, também se divorciou do primeiro marido, o holandês Jorritt Faassen, com quem viveu muitos anos em Amsterdã. Maria, ou Masha, é endocrinologista pediátrica especializada em nanismo.
As duas filhas foram sancionadas por causa da invasão da Ucrânia e dificilmente voltarão a ter a oportunidade de passar férias na Sardenha, como faziam na juventude, hospedadas por Silvio Berlusconi.
Alina Kabaeva, igualmente sancionada, também não tem chances de voltar a morar mesmo num país neutro como a Suíça, onde desfrutava da proteção à intimidade – e das mordomias que o dinheiro em quantidades astronômicas pode oferecer.
Uma medalhista olímpica como ela e um mestre de balé do primeiro time como Igor Zelenski cortados do convívio internacional nos lugares que realmente interessam retratam o isolamento internacional ao qual Putin levou seu próprio país por sonhos megalomaníacos de restauração de glórias do passado.
Como um personagem dostoievskiano, ele está destruindo o que criou, a reconstrução da Rússia pós-soviética. Talvez também esteja doente, segundo inúmeras especulações, com algum tipo de câncer ou Parkinson, ou ambos.
Uma doença grave seria a única possiblidade, vislumbrada por enquanto, de que viesse a se afastar do poder. “Acho que ele terá acabado em 2023. Provavelmente internado num sanatório do qual não sairá como líder da Rússia”, arriscou Richard Dearlove, ex-diretor do MI6, o serviço de inteligência do Reino Unido.
A inteligência ucraniana também aproveita para fazer guerra de informação. O chefe da espionagem militar, general Kirilo Budanov, disse recentemente que Putin “está numa condição psicológica e física muito ruim e está muito doente”.
Impossível, efetivamente, separar realidade de especulação.
Só uma certeza: se houver alguma mudança drástica, os russos ficarão sabendo assim que os canais de televisão interromperem a programação e colocarem O Lago dos Cisnes no ar.
Tradicionalmente, gravações do balé são transmitidas quando um líder russo morre ou acontece algo momentoso. Enquanto se resolve como a notícia será anunciada, dá-lhes balé. A tentativa de golpe de 1991 contra Mikhail Gorbachev provocou nada menos que três dias seguidos de cisnes dançantes.
Uma possível certeza: Igor Zelenski não aparecerá em vídeos do passado protagonizando o balé caso o sogro suba no telhado.